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21 julho 2012

TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO

INTRODUÇÃO.

1 -     Trata-se mais de um movimento que procura unir a teologia e as preocupações sociopolíticas do que de uma nova escola de teoria política.
v   É mais exato falar das teologias da libertação, no plural, porque essas teologias de libertação acham expressão contemporânea entre negros, feministas, asiáticos, latino-americanos e índios das Américas.
v   Temas teológicos têm sido desenvolvidos no contexto latino-americano, servindo como modelos para outras teologias de libertação. 
2 -     Há, no mínimo, quatro fatores principais que desempenharam um papel relevante na formulação da teologia da libertação latino-americana.
v   É um movimento teológico pásiluminista. Os proponentes principais — tais como Gustavo Gutiérrez, Juan Segundo, José Miranda — reagem favoravelmente às perspectivas epistemolágicas e sociais de Kant, Hegel e Marx.
v   A teologia da libertação tem sido grandemente influenciada pela teologia política europeia e pela teologia radical norte-americana, e tem achado em J. B. Metz e Jürgen Moltmann e Harvéy Cox perspectivas que criticaram a natureza não-histórica e individualista da teologia existencial
v   É na sua maior parte, um movimento teológico católico romano. Com exceções notáveis tais como José Miguez-Bonino (metodista) e Rubem Alves (presbiterlano).
v   É um movimento teológico situado de modo específico e singular no contexto latino-americano.
 I -        O MÉTODO TEOLÓGICO.
A -    Gustavo Gutiérrez define a teologia como “a reflexão crítica sobre a práxis histórica”. A feitura de uma teologia exige que o teólogo esteja engajado na sua própria história intelectual e sócio-política.
1 –    A teologia não é um sistema de verdades eternas que ocupa o teólogo no processo repetitivo da sistematização e da argumentação apologética.
2 -     A teologia é um exercício dinâmico contínuo que envolve percepções contemporâneas do conhecimento, do homem e da história.
B -     A teologia da libertação aceita o duplo “desafio do iluminismo” (Juan Sobrino).
1 -     O desafio vem através da perspectiva filosófica começada por Immanuel Kant, que argumentava a favor da autonomia da razão humana.
a -      A teologia já não é elaborada para corresponder à auto revelação de Deus mediante a autoria divino-humana da Bíblia.
b -     Essa revelação “externa” é substituída pela revelação de Deus achada na matriz da interação humana com a história.
2 -     O desafio vem através da perspectiva política fundada por KarI Marx, que argumenta que a integridade do homem pode ser realizada somente quando se vence as estruturas políticas e econômicas alienantes da sociedade.
a -      O papel do marxismo na teologia da libertação deve ser entendido com honestidade.
b -     Alguns críticos sugerem que não se pode distinguir entre a teologia da libertação e o marxismo, mas tal conceito não é totalmente exato.
C -     Os teólogos da libertação concordam com a famosa declaração de Marx: “Até agora, os filósofos têm explicado o mundo; a nossa tarefa é transformá-lo”.
1 -     Argumentam que os teólogos não devem ser teóricos, mas praticantes que se engajam na luta para realizar a transformação da sociedade.
a -      Para fazer isso, a teologia da libertação emprega uma análise de classes de estilo marxista, que divide a cultura entre os opressores e os oprimidos.
b -     Essa análise sociológica do conflito procura identificar as injustiças e a exploração dentro da situação histórica.
2 -     O marxismo e a teologia da libertação voltam-se para a fé cristã como um meio de efetivar a libertação.
a -      Marx não conseguiu perceber a força emotiva, simbólica e sociolágica que a igreja poderia ser na luta pela justiça.
b -     Os teólogos da libertação declaram que não estão deixando para trás a antiga tradição cristã quando empregam o pensamento marxista como uma ferramenta para a análise social.
II -    A INTERPRETAÇÃO TEOLÓGICA.
A -    Os teólogos da libertação acreditam que a doutrina ortodoxa tende a manipular Deus para favorecer a estrutura social capitalista.
1 -     Alegam que a ortodoxia depende de noções gregas antigas que viam Deus como um ser estático que está distante e remoto da história humana.
a -      Essas noções distorcidas da transcendência e da majestade de Deus resultaram numa teologia que pensa num Deus “lá em cima” ou “lá fora”.
b -     Como consequência, a maioria dos latino-americanos tornou-se passiva diante da injustiça e supersticiosa na sua religiosidade.
2 -     A teologia da libertação responde ressaltando o mistério incompreensível da realidade de Deus.
a -      Deus não pode ser resumido a uma linguagem objetificante nem conhecido através de uma lista de doutrinas.
b -     Deus é achado no curso da história humana.
c -      Deus não é uma entidade perfeita e imutável, “acomodado longe do mundo”.
d -     Ele Se apresenta diante de nós na fronteira do futuro histórico (Assmann).
e -      Deus é a força motriz da história, que leva o cristão a experimentar a transcendência como uma “revolução cultural permanente” (Gutiérrez).
f -      O Deus do futuro é o Deus crucificado que submerge num mundo de desgraça.
g -     Deus é achado nas cruzes dos oprimidos mais do que na beleza, no poder ou na sabedoria.
B -     A noção bíblica da salvação é equiparada ao processo da libertação da opressão e da injustiça.
1 -     O pecado é definido em termos da desumanidade do homem para com seu próximo.
a -      A teologia da libertação, para todos os propósitos práticos, equipara amar ao próximo com amar a Deus.
b -     As duas atitudes não são apenas praticamente inseparáveis como também virtualmente indistinguíveis entre si.
2 -     Deus é achado em nosso próximo e a salvação é identificada com a história do “tornar-se homem”.
a -      A história da salvação passa a ser a salvação da história, que abrange todo o processo de humanização.
b -     A história bíblica é importante à medida que oferece modelos e ilustrações para essa busca da justiça e da dignidade humana.
c -      A libertação de Israel no Êxodo e a vida e a morte de Jesus destacam-se como protótipos da luta humana contemporânea pela libertação. Esses eventos bíblicos representam a relevância espiritual da luta secular pela libertação.
C -     A igreja e o mundo já não podem ser segregados.
1 -     A igreja deve deixar que seja habitada e evangelizada pelo mundo.
a -      “Uma teologia da Igreja no mundo deve ser complementada por uma teologia do mundo na Igreja” (Gutiérrez).
2 -     Tomar o partido dos oprimidos, em solidariedade com eles, contra os opressores é um ato de “conversão”, e “evangelização” é proclamar a participação de Deus na luta humana pela justiça.
D -    A importância de Jesus para a teologia da libertação acha-se na Sua luta exemplar pelos pobres e proscritos.
1 -     Seus ensinos e Suas ações em favor do reino de Deus demonstram o amor de Deus numa situação histórica que tem notável semelhança com o contexto latino-americano.
2 -     O significado da encarnação é reinterpretado. Jesus não é Deus num sentido ontológico nem metafísico.
3 -     O essencialismo é substituído pela noção da relevância relacional de Jesus. Jesus nos mostra o caminho de Deus;
a -      Ele nos revela o meio de nos tornarmos filhos de Deus.
b -     O significado da encarnação de Jesus acha-se na Sua total imersão numa situação histórica de conflito e opressão.
c -      Sua vida absolutiza os valores do reino — o amor incondicional, o perdão universal e a referência contínua ao mistério do Pai.
d -     Em certo nível, Jesus pertence irreversivelmente ao passado, mas em outro nível, Jesus é o ápice do processo evolucionista.
4 -     Em Jesus, a história chega ao seu alvo. Seguir a Jesus, no entanto, não é questão de seguir Seus passos na tentativa a aderir à Sua conduta moral e ética, mas é recriar o Seu caminho, mantendo-se aberto à Sua “memória perigosa” que lança dúvidas sobre o nosso caminho.
5 -     A singularidade da cruz de Jesus não se acha no fato de que Deus, num momento específico do espaço e do tempo, experimentou o sofrimento que é intrínseco à pecaminosidade do homem a fim de fornecer um caminho de redenção.
a -      A morte de Cristo não é uma oferta vicária pela humanidade que merece a ira de Deus.
b -     A morte de Jesus é sem igual porque Ele torna histórico de modo exemplar o sofrimento de Deus em todas as cruzes dos oprimidos.
c -      A teologia da libertação sustenta que através da vida de Jesus as pessoas são trazidas à convicção libertadora de que Deus não permanece fora da história, indiferente ao curso presente de maus eventos, mas que Ele Se revela através do veículo autêntico dos pobres e dos oprimidos.
III -   A ANÁLISE CRÍTICA TEOLÓGICA.
A -    A força da teologia da libertação acha-se na sua compaixão pelos pobres e na sua convicção de que o cristão não deve permanecer passivo e indiferente diante dos seus apuros.
1 -     A desumanidade do homem para com o sou próximo é pecado e merece o castigo divino e a oposição dos cristãos.
2 -     A teologia da libertação é um apelo a um discipulado sacrificial e uma lembrança de que seguir Jesus envolve consequências práticas sociais e políticas.
B -     A fraqueza da teologia da libertação tem sua origem na aplicação de princípios hermenêuticos enganosos e no afastamento da fé cristã histórica.
1 -     A teologia da libertação tem razão em condenar uma tradição que procura fazer uso de Deus para atingir as suas próprias finalidades, mas engana-se ao negar a auto-revelação definitiva de Deus na revelação bíblica.
2 -     Argumentar que nosso conceito de Deus é determinado pela situação histórica é concordar com a secularização radical que absolutiza o processo temporal e dificulta a distinção entre a teologia e a ideologia.
C-      O marxismo pode ser uma ferramenta útil para identificar a luta de classes que está sendo travada entre muitos países do Terceiro Mundo, mas surge a pergunta:
1 -     A teologia da libertação tem razão em desmascarar o fato da opressão na sociedade e o fato de haver opressores e oprimidos, mas é errado dar a esse alinhamento uma condição quase ontológica.
2 -     Talvez isso possa ser feito com o marxismo, mas o cristão entende que o pecado e a nossa alienação de Deus é um dilema que confronta tanto o opressor como os oprimidos.
3 -     A ênfase que a teologia da libertação atribui aos pobres dá a impressão de que os pobres não somente são o objeto da solicitude de Deus, como também o sujeito da salvação e da revelação.
4 -     Tudo o mais é projetado como uma tentativa vã de compreender Deus por algum meio que sirva aos próprios interesses. Essa é uma noção confusa e enganadora.
5 -     A teologia bíblica revela que Deus é a favor dos pobres, mas não ensina que os pobres são a própria corporiflcação de Deus no mundo de hoje.
6 -     A teologia da libertação ameaça politizar o evangelho de tal maneira que aos pobres é oferecida uma solução que poderia ser provida com ou sem Jesus Cristo.
D -    A teologia da libertação desperta os cristãos para levarem a sério o impacto político e social da vida e da morte de Jesus, mas deixa de fundamentar a singularidade de Jesus na realidade da Sua divindade.
1 -     Alega que Ele é diferente de nós quanto ao grau, mas não quanto ao tipo, e que a Sua cruz é o clímax da Sua identificação vicária com a humanidade sofredora ao invés de ser uma morte vicária oferecida para desviar a ira de Deus e para triunfar sobre o pecado, a morte e o diabo.
2 -     Uma teologia da cruz que isola a morte de Jesus do seu lugar específico no desígnio de Deus, e que repudia o desvendamento do seu significado revelado não tem poder algum para nos levar a Deus, e para garantir, assim, que nossa entrega teológica seja perpétua.
Anderson Roque Gouveia

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