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07 junho 2013

NÃO ESPERE ATÉ O FUNERAL

“Se as pessoas tivessem seus funerais quanto vivas e saudáveis, pondo a mão na massa, isso seria de grande ajuda!”, suspirou tia Jerusa, dobrando cuidadosamente seu xale florido.
“Olha só a coitada da senhora Batista”, ela acrescentou enquanto ajeitava seu vestido de domingo. “Ela teria ficado muito feliz ouvindo o que o pastor disse à beira do caixão! Não ficaria surpresa se ela até ressuscitasse.”
Tia Jerusa continuou: “E o diácono Batista enxugando as lágrimas, e todo mundo lastimando! A pobrezinha nunca imaginou que fosse tão querida”.
E veio mais: “A sra Batista vivia desencorajada. O diácono Batista vivia culpando a mulher por tudo. Acho que não era intencional — é assim que ele é — mas tem hora que isso esgota a gente. Quando as coisas se gastavam ou quebravam, ele agia como se a esposa tivesse feito de propósito. E os filhos pegaram o jeito do pai como se fosse sarampo ou tosse comprida.”
Nem o pastor escapou: “E o pastor contando como o diácono trouxe a jovem esposa para cá, quando a cidade era um vilarejo, e como ela foi paciente nas dificuldades, e foi uma boa esposa! Claro que o pastor não saberia nada disso se o diácono não lhe tivesse contado. Gente, gente! Por que ele mesmo não disse essas coisas para a esposa, em vez de esperar pelo funeral?”
E chegou a vez dos filhos: “Quando o pastor disse que os filhos sentiriam muitas saudades da mãe, como se fossem morrer sem ela, coitadinhos! Imagino que seja verdade. A mãe vivia fazendo as coisas pra eles. Quando cantaram sobre ela “descansar no Céu”, não pude deixar de pensar que isso era uma coisa com a qual ela teria de aprender a fazer. Pois nunca soube o que era descanso por aqui.”
A tia Jerusa não tinha acabado: “Ela teria gostado demais das flores, Era mesmo muito bonitas. Sabe, o diácono nunca deixou que ela plantasse um jardim. Ele dizia que a terra do quintal era boa para o plantio de repolho. Mas a sra Batista sempre gostou de coisas cheirosas, como tomate e coisas assim.”
Ela, então, se dirigiu ao marido: “O que você disse, Levi? Está quase na hora do jantar? Então vamos lá! Acho que estive meditando. Eu estava pensando, Levi, que quando eu morrer, você não tem de falar nada sobre mim pra o pastor. Se você gosta dos bolos e doces que eu faço, fale direto pra mim. Não deixa pra falar no meu funeral”.
(Chimes)

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