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03 junho 2013

PERDIDO NA NEVASCA

A impressionante história de Jake Woods
Fiquei perdido, à noite, no topo de uma cadeia de montanhas no Tennessee, durante uma tempestade de neve. Embora o frio tenha me deixado inconsciente, meu cavalo me levou até uma casa. Quando a consciência voltou, ouvi fogo estalando aos meus pés, e, ao abrir os olhos, vi um homem barbudo encurvado, praguejando porque eu não abria a boca pra receber “uns goles”. No momento de delírio, achei que tinha morrido e ido pra o lugar errado.
Quando o sentido retornou, reconheci o homem como um famoso bandido por quem a Justiça oferecia uma boa recompensa, um homem que havia jurado violência contra qualquer pastor que ousasse entrar em sua casa; eu não sabia o que esperar.
Ninguém poderia ter sido mais bondoso comigo. Meu resgatador e sua esposa fizeram tudo o que podiam por mim. Na hora de dormir, o homem me colocou em sua cama e me manteve abraçado a noite inteira em seus ombros largos e aquecidos, nunca relaxando na vigilância. De manhã, ainda me sentia mal, no entanto o sol brilhou, a neve derreteu e me preparei para ir embora. Foi então que algo me disse: “Você tem uma oportunidade que nenhum pastor nunca teve, e precisa oferecer a salvação a Jake Woods”.
Como iniciar a conversa? Jake estava sentado diante da lareira enquanto eu empacotava minhas coisas. Aproximei-me dele. Tirando uma nota da carteira, eu disse: “Senhor Woods, sinto muito lhe oferecer tão pouco, quando o senhor e sua esposa fizeram tanto por mim. Aceite isto aqui como uma pequena mostra da minha gratidão por tudo o que fizeram. Jamais conseguiria lhe pagar, mesmo que fosse rico”.
Ele me olhou da cabeça aos pés, estarrecido.
“Guarde o seu dinheiro, doutor. O que fizemos foi só lhe ajudar, Se tivesse entrado em minha casa como pastor, eu teria mandado o senhor embora no meio da nevasca, e ficaria feliz se o senhor tivesse morrido congelado. Há uns vinte anos, quando o Poderoso levou meu menino, meu único filho. Jurei que nenhum de seus representantes entraria em minha casa, e mantive a promessa até ontem á noite. Quando seu cavalo chegou aqui, não pude abandonar o senhor. Agora vá, e diga pra todo mundo que o senhor passou a noite na casa de Jake Woods.”
A última frase foi dita entre dentes. Nunca vi uma cara de mau tão grande. Eu fiz tudo o que podia, mas fracassei. Assim, juntei minhas coias e dirigi-me para a porta. Mas algo me agarrou a consciência com dedos de aço. “Tente de novo”, a ordem foi clara.
Tentei achar um navio para Tarsis, mas não havia nenhum à vista. Tenho certeza que o homem percebeu minha angústia, contudo nem ergueu a cabeça. Finalmente, aproximei-me dele, e com a voz tremendo de emoção, disse: “Senhor Woods, o senhor me permite ler algo de um livrinho que tenho aqui e de conversar com um Amigo, antes de ir?”
O homem se voltou pra esposa, sentado num canto, e disse: “O doutor é gente boa. Vá em frente”. Comecei a ler aquele maravilhoso capítulo de Lucas, aquele que fala da ovelha perdida que foi encontrada.
Também havia a história do filho pródigo. Quando ele chegou em casa todo esfarrapado e faminto, o pai ficou tão feliz que mandou matar todos os animais para fazer uma festa por causa da volta do filho.
Olhei de soslaio e vi que Jake Woods estava me olhando com tanto interesse que perguntou: “Você está falando de mim?” Eu estava, pois ele tinha escarnecido quando alguém o procurou pra avisar que seu pai estava morrendo e queria vê-lo.
Cai de joelhos e segurei-me em Deus com uma mão e tentei alcançar Jake Woods com a outra, mas sele estava longe. Continuei firme e tentei alcançar Woods, e então me lembrei de que o pecado da falta de hospitalidade é imperdoável. Orei: “Senhor Deus, cheguei aqui ontem à noite mais morto do que vivo, e este homem e sua gentil esposa me acolheram e cuidaram de mim, e é por isso que estou vivo. Eles não querem aceitar nada em troca de tanta bondade. Mas o Senhor Jesus está à porta desde que eles construíram esta casa, com suas mãos estendidas sangrando, e com a coroa de espinhos na cabeça, e estes dois bateram a porta na cara dele. Ajude Jake Woods a convidar Jesus a entrar aqui”.
Levantei-me e vi que Jake estava sentado no chão, olhando pra porta. Segui seu olhar, mas não vi nada, a não ser a porta aberta, e o brilho do sol e a neve derretendo. Depois de uns instantes, ele falou com algo que, aparentemente, estava á porta: “Entre”. Depois, voltando-se pra mim, disse: “Ele entrou”, como se estivesse me dizendo: “Você não pode mais me culpar”.
Quando fui saí da casa, Jake me seguiu até o portão. “Doutor, o senhor tem outro desse livrinho que acabou de ler? Meu pai costumava ler sobre aquele rapaz, e acho que tenho me comportado como ele. Se o senhor abrir na página, acharei alguém pra ler, pois gostaria de ouvir a história de novo”.
Entreguei-lhe o livro e ele me deu as costas, dizendo que sua “velha” talvez fosse me ouvir quando eu voltasse pra pregar na escola ali perto.
Eu já havia pregado ali muitas vezes, para um grupo pequeno de pessoas. Mas dessa vez, o campus estava lotado de gente. O primeiro homem que encontrei e agarrou minha mão com tanto força, que achei que iria cair da sela, foi Jake Woods.
“Doutor, convidei todo mundo”, ele me cumprimentou, e havia mesmo;
Entrei no auditório. As mulheres estavam em um lado do corredor. Quando passei pelo segundo banco, uma delas agarrou a manga do meu paletó. Seu rosto estava erguido em minha direção. Era Nancy Woods, pela primeira vez num culto após mais de vinte anos.
“Doutor, tem algo errado com o Jake.”
“O quê?”, perguntei.
“Não sei, mas desde que o senhor esteve lá em casa, ele não é mais o mesmo. Agora ele é tão bom comigo. Doutor, por favor, chame as carpideiras. Acho que o Jake está morrendo”.
Meus olhos se encheram de lágrimas enquanto eu me dirigia para a mesa e colocava a sela no chão.
Certa vez, Jake Woods espancou a mulher quase até à morte porque ela havia dado uma moeda de oferta pra um pastor. Muitas vezes ele a deixou pra fora de casa, durante tempestades, pra que morresse. Certa vez, num torpor alcoólico, ele jogou a mulher na lareira acesa. Agora, fazia três semanas inteirinhas que ela vivia no céu.
Os homens começaram a entrar, com Jake Woods puxando a fila como se andasse nas nuvens. Logo atrás vinha um ex-combatente da Guerra Civil, mancando por causa de um problema no joelho. O homem não pisava numa igreja desde o fim da guerra.
Woods se sentou na ponta do banco da frente, e o velho soldado ficou ao seu lado. Nunca esquecerei como o velho soldado se curvou pra ajeitar a perna problemática, e depois cruzou as mãos em resignação, como se dissesse: “Pois bem, aqui estou eu”.
A sala estava repleta de gente boa e gente ruim. O sermão que preparei não serviria pra esse auditório, então procurei outro versículo. “O Filho do homem veio buscar e salvar o que se havia perdido”.
Acho que nunca antes nem depois apresentei um sermão daqueles, mas Alguém ao lado da mesa pregou com poder e convicção.
Quando eu estava para lançar a rede, Jake Woods deu um pulo e foi à frente, dizendo numa voz que encobria a minha: “Homens e mulheres, vamos lá! O doutor está falando a verdade, pois eu vi esse Homem quando o doutor orou na minha casa. Quando abri os olhos, o Homem estava em pé junto à porta, com as mãos estendidas, machucadas, e escorrendo sangue. Também vi espinhos em sua cabeça. Mandei ele entrar e ele entrou, e nunca mais fui a mesma pessoa”.
O pessoal começou a vir pra frente, e achei que todo mundo viria.
Jake Woods começou a evangelizar e exortar seus amigos, e em seus dois últimos anos de vida, alcançou mais pessoas do que eu alcançaria em toda a minha vida.

J. S. Barnett
Sword of the Lord

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