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06 novembro 2013

NÃO POSSO CALAR


Jeremias 4:19-27

A expressão que ecoou das entranhas de Jeremias encontra ressonância nos lábios de 2 homens no Novo Testamento: Pedro e João em Atos 4:19-20. Eles também não podiam calar!
Eles enfrentavam o mesmo dilema do profeta! O dilema de serem confrontados com a vontade de Deus e afrontados pela vontade dos homens.
Jeremias expõe neste texto da Palavra de Deus sua tentativa desesperada de conclamar uma nação pecadora, devassa e idólatra ao arrependimento e quebrantamento, antes que a tragédia anunciada pelo Senhor se configurasse. Vejo Jeremias como um pastor nos dias atuais, antevendo o futuro e lutando com a sua igreja rebelde, obstinada e indiferente. Vidas que refletem um cristianismo frio, inexpressivo e indolente.
Vejo Igrejas preocupadas com promoção denominacional, muitas delas recebendo diplomas de políticos, escrevendo o número 5.000 no seu rol de membros, alardeando grandes feitos! Grandes construções! Vivendo “na felicidade” num tempo de extrema miséria moral, social e espiritual dentro e fora da Igreja.
Vejo crentes raquíticos, portadores de uma fé inconsistente, tremendamente inseguros, mórbidos, meros assistentes de um ritual religioso. Vejo pastores desanimados, cansados, cheios de lamúrias...
Meus amados irmãos um grande pregador disse que:“nós somos cidadãos de um mundo que nos desafia”, mas pelo que vejo, pouca coisa ou quase nada está nos desafiando. Há uma sintomática apatia e indiferença na maioria das igrejas.
Percebo que vivemos num tempo de uma ambivalência paradoxal terrível! Professamos uma coisa e vivemos outra. Estamos experimentando ao mesmo tempo sentimentos opostos. É mais ou menos o que eu presenciei em minha cidade num dia desses. Ia passando pela rua um carro com adesivo que dizia:“bem-aventurada é a nação cujo Deus é o Senhor”, então eu me adiantei um pouco para ver se reconhecia o motorista, quando fixei os olhos no painel do carro ali estava uma imagem de Aparecida. Eu simplesmente não entendi. Ví ali um sentimento totalmente oposto. E este é o sentimento que tenho visto em nossa igrejas, a teoria diz uma coisa a prática diz outra.
A verdade é que a maioria dos crentes não querem a confrontação com o pecado, com o mundo e com o diabo, preferem a conformação ou quando muito a informação de que alguém está fazendo algo por eles. Enquanto isso os filhos das trevas avançam, eles mostram com a prática a sua teoria.
Um senhor da minha Igreja adoeceu e fui visitá-lo, ele estava com problemas em sua perna. Quando cheguei ali encontrei uma senhora católica de classe alta da nossa cidade, ela estava curando as feridas daquele irmão, ainda que soubesse que ele e sua esposa eram crentes. Fazia seu trabalho alegremente e pacientemente. Quando eu cheguei e me identifiquei como pastor, ela sorriu e continuou seu trabalho. Ao finalizar ela me disse:“Desculpe, tenho mais dois velhinhos para cuidar e eu não posso me atrasar”. Ao ver aquilo eu tive vontade de chorar de vergonha. Vergonha porque estamos assumindo como igreja uma visão contemplativa da realidade e não uma visão redentora.
Concordar com a miséria social, injustiças e indiferença espiritual é sem sombra da dúvidas decretar a falência do cristianismo institucionalizado.
De fato meus amados irmãos a Igreja de Jesus Cristo está perdendo o sentido de sua missão. É como se ela estivesse em “transe”. Está com os olhos fitos no céu, enquanto a terra caminha para o inferno.
Na verdade estamos buscando e praticando uma santidade muito mais repulsiva do que atrativa. Preocupamos demasiadamente com regras, normas, estatutos, regimentos e temos esquecido o principal: fazer Cristo conhecido em todo lugar através de uma ação salvífica. 
Diante desta realidade o mundo continua confuso porque não consegue enxergar na igreja parâmetros para norteá-lo. Vê “candeeiros apagados”.
Fidel Castro afirma em um dos seus livros que “a igreja cristã primitiva foi o primeiro movimento revolucionário do mundo”, porém a sua maior decepção foi verificar que a revolução acabou e em seu lugar construiu-se um cristianismo estratificado, desvirtuado e inoperante.
Acredito meus amados irmãos que nós chegamos a uma situação limite. Precisamos urgentemente repensar a nossa missão como Igrejas. Precisamos reavaliar nossa estratégias e metodologias, direcionar nossa ação, demonstrando de forma ativa a relevância da Igreja de Jesus Cristo.
Não se trata de uma reforma, pois já tivemos duas, mas sim de uma transformação, uma nova forma de ser igreja.
Uma Igreja para este tempo há de ser uma igreja que tenha uma visão construtivista, isto é, que atenda às carências básicas de seus membros e de sua comunidade em geral. Uma Igreja para este tempo há de ser uma igreja dinâmica, sem ser ativista. Onde haja uma integração da ação total da Igreja de forma holística. É como alguém disse:“ir a todos os lugares, anunciando todo o evangelho a todas as pessoas”. E eu diria:“TODOS irem a TODOS os lugares, anunciando TODO o evangelho a TODAS as pessoas”.
Uma Igreja para este tempo há de ser uma igreja que tenha uma visão global e globalizante. A igreja precisa enxergar a realidade contextual. Vivemos num país de fome, crise existencial, imoralidade, corrupção, miséria e exploração. Como integrar as forças da igreja para um ação profética e social? É preciso o envolvimento de toda igreja com uma visão globalizante.
Uma igreja para este tempo há de ser uma igreja que enxergue em duas direções: na direção de Deus e na direção do homem. Eliseu conseguiu ter esta dupla visão (II Reis 6:16). Jeremias também teve esta dupla visão, ele viu o caos espiritual, social e político do seu tempo, e apresentou desafios confrontadores para a mudança.
Um dia desses eu estava em meu gabinete quando fui abordado por uma senhora que fazia campanha para ajudar os pobres. Ao indagá-la sobre a sua atividade ela me apresentou um livro onde havia assinaturas de várias autoridades da minha cidade. Quando verifiquei o nome da sua campanha lá estava escrito:“TENDA CARIDADE CACIQUE URUBATAM E SUCURI DANDÊ” (Umbanda). Aquela senhora me disse que durante a semana recolhia donativos para os pobres e aos domingos dava consultas no centro espírita.
Mais uma vez eu tive vontade de chorar. Senti o que Jeremias sentiu, dor no coração ao perceber onde a minha cidade estava se abastecendo espiritualmente.
Olhando para Jeremias percebo que a situação que ele vivenciou á a mesma que vivenciamos hoje. Há destruição, há morte, há assolação, há insensatez, há desconhecimento da vontade de Deus, há mais sabedoria para fazer o mal do que o bem, há vida sem forma e vazia, há centenas de vidas transformadas em desertos (Jeremias 4:23-26).
O que vamos fazer como Igreja diante dessa realidade? Só há uma coisa a fazer, enquanto há esperança.
Precisamos invadir as cidades, bater de frente com o inimigo, resgatar as vidas assoladas. Não podemos ser profetas da omissão em tempo de calamidade. Por isso eu quero desafiar você a sentir o que Jeremias sentiu, ele sentiu dor no coração pelo povo perdido e disse para si mesmo “NÃO POSSO CALAR”.
E você meu querido irmão, como está se sentido diante da situação que estamos vivendo em nosso país? Você tem sentido a suas entranhas se contorcerem de dor? Você tem sentido a dimensão da miséria social, espiritual que o nosso povo se encontra? Qual tem sido a sua atitude para com esta situação? 
Você está calado? Ou você está pronto a dizer como Jeremias:“Não posso calar, não, não posso calar”.
Que Deus nos abençoe e nos ajude a não calar!!
Pr. Evaldo Carlos dos Santos

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