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01 junho 2013

Pensadores que voam alto

Estamos com uma escassez de ‘águias’ e uma abundância de ‘papagaios’.

Conteúdo para sentar com seguranças nos nossos poleiros evangélicos e repetir um falsete relâmpago em nossas palavras religiosas, estamos nos tornando rapidamente super-populosos com pássaros de cores fortes que tem barrigas macias, grandes bicos e cabeças pequenas. O que ajudaria a equilibrar as coisas seria um número muito maior de criaturas de olhos aguçados e com grandes asas dispostas a voar para cima e para baixo, explorando as infinitas montanhas do reino de Deus, depois, após um breve relatório de suas descobertas, elas deixariam o ninho de novo para outra fascinante aventura.

As pessoas papagaios são muito diferentes dos pensadores águias. Elas gostam de ficar na mesma gaiola, pegar da mesma tigela cheia de sementes e escutar as mesmas palavras repetidamente, até que possam dizê-las com facilidade. Elas também gostam de companhia. De muita atenção, uma coçadinha aqui, um afago ali, e elas passarão anos no mesmo poleiro. Eu e você não conseguimos lembrar a última vez que vimos um papagaio voar. Papagaios gostam da previsibilidade, da segurança, do reconhecimento que recebem da sua sociedade de admiração mútua.

Águias, não. Não há nada de previsível em suas asas! Elas pensam. Elas amam pensar. Elas são movidas por esse impulso interno para buscar, descobrir, aprender. E isso significa que elas são corajosas, decididas, dispostas a responder perguntas enquanto elas permeiam a rotina numa busca intensa pela verdade. A verdade inteira. “As coisas mais profundas de Deus”- diretamente das alturas do Himalaia, onde o ar fresco torna os nossos pensamentos puros e claros – ao invés do cansaço e a desgastada destilação do homem. E, diferente do papagaio intelectualmente pobre, as águias correm riscos para conseguir sua comida porque odeiam qualquer coisa que venha de um pequeno prato de sementes chatas, tediosas, repetitivas e secas.

Apesar de raras, as águias não estão completamente extintas nos céus históricos da igreja. Thomas Aquino era um deles, como Agostinho, Bunyan, Wycliffe e Huss. Bem como G.K. Chesterton e C. S. Lewis, Robert Dick Wilson e J. Gresham Machen, W. r. Whitefield, e uma longa fila de inconformados – pensadores originais cujas vidas foram entrelaçadas na preciosa tapeçaria dos séculos dezenove, dezoito e dezessete. E em nossos dias? Poderíamos citar… mas eles são cada vez mais raros, a medida que a filosofia “Me entretenha” do público grita mais alto do que aqueles que imploram: “Me faça pensar”.

Duro demais? Você decide enquanto procura por águias nos dias de hoje que ofereçam pensamentos frescos direto das montanhas sobre missões mundiais, doutrinas bíblicas, evangelismo, educação cristã, apologética e as disciplinas da fé. Isso inclui aqueles que descobrem maneiras criativas de comunicar as verdades das Escrituras… de forma que isso seja mais do que uma confusão de pensamentos emprestados, ensaios sobre o óbvio, que tendem a paralisar as faculdades críticas de mentes ativas. Não, águias são pensadoras independentes. Não é que elas abandonam a fé ortodoxa ou questionam a autoridade perfeita da Palavra de Deus, é simplesmente que elas se cansaram de receberem ordens: “Fique no poleiro e repita”. As águias têm aquela perspectiva inata, aquela sensibilidade que deixa espaço para uma nova informação que não foi confundida pelo excesso de uso.

Me encontro concordando com Philip Yancey, que admite:

Às vezes, ler livros religiosos me lembra uma viagem de um túnel de um quilometro. Dentro do túnel, faróis proporcionam a iluminação necessária; sem elas eu iria perigosamente em direção das paredes do túnel. Mas, quando me aproximo do final do túnel, uma forte luz aparece, que logo engole meus faróis e os torna inúteis. Quando eu saio do túnel, um aviso para “checar os faróis” me lembra que ainda estou com eles acesos. Em comparação com a luz do dia, eles são tão fracos que nem os notei.

Os livros cristãos são, normalmente, escritos da perspectiva de fora do túnel. O ponto de vista do autor já está tão ofuscado com a luz que ele esquece da escuridão vazia dentro do túnel onde muitos de seus leitores estão viajando. Para alguns que se encontram no meio do túnel de um quilometro, descrições da luz que cega parecem surreais.

Quando pego muitos livros cristãos, tenho a mesma sensação de quando leio primeiro a última página de um livro de romance. Eu sei onde vai terminar antes de começar. Precisamos, desesperadamente, de autores que tenham a habilidade de retratar pontos de vista envolventes e pontos de progresso ao longo da jornada espiritual de maneira tão precisa e sensível, quanto mostram a luz dentro do túnel.

(Philip Yancey, “What’s Wrong with Religious Writing Today?” Publishers Weekly)

Yancey está dizendo que precisamos de “escritores águias”, que enfrentam sua tarefa com o mesmo desapego daquela mente aguçada do judeu de Tarso. Se você precisa de uma ilustração, leia Romanos: Como uma parteira cuidadosa, ele cuida do nascimento da doutrina, permitindo que ela respire e grite, se estique e cresça, enquanto Deus, o criador, a fez para esse propósito. E ele não está com medo de dizer isso pela primeira vez, usando um estilo e vocabulário totalmente novos, que são tanto únicos como precisos. Não há penas de papagaio nas páginas dessa carta sem igual.

Assim, qual será? Se você gosta de ser um papagaio, fique imóvel. Mas se seu coração é de águia, o que você está fazendo no poleiro? Você faz idéia de como é muito necessário que você voe e explore? Você percebe como você está deslocado naquela gaiola? Apesar de outros não dizerem a você, as águias parecem muito bobas presas em um poleiro bicando uma pilha sem gosto de sementes secas.

Nunca ouvi ninguém perguntar: “A águia quer um biscoito?”

Extraído do Livro “Think It Over” de Charles Swindoll

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