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22 março 2014

Irving Hetherington: Autopiedade e serviço

A autopiedade é o gostinho amargo que permanece depois que ninguém admira o sacrifício que você fez. Há duas maneiras de eliminá-la. Uma maneira é certificar que alguém te admire. A outra é não fazer qualquer sacrifício. Ou será que há uma terceira maneira? Que tal encarar o sacrifício de uma forma diferente?
 
Ser um pastor, por exemplo? Há sacrifícios? Há sofrimento? Bem, isto depende. Deixe-me contar-lhes uma história que tem (pelo menos por um pouco), esvaziado a minha autopiedade.
 
Irving Hetherington nasceu no dia 23 de julho de 1809, na Escócia. Ele se tornou um pregador em 1835 e sentiu-se chamado para deixar a Escócia e embarcar para Austrália como missionário. Ele duvidara que sua noiva iria com ele. O nome dela era Jessie Carr, e ela disse: “Aonde quer que você deseja me levar, para lá desejo ir”. Eles viajaram para Sydney no dia 24 de março de 1837 abordo do John Barry, logo depois do casamento deles.
 
Na primeira semana de maio, a Jesse ficou doente com uma dor de garganta e, logo em seguida, a temida febre.
—Você não tem nenhum medo da morte, Jessie? — o Irving perguntou.
—Não, querido, — ela respondeu.
—E como você não tem medo de morrer? — ele perguntou.
—Faz muito tempo que tomei Cristo por minha porção e depositei as minhas esperanças Nele, — ela disse.
 
Irving chorou. Jessie morreu durante a noite e, na manhã seguinte, enterraram-na no mar.
 
Em Sydney, sozinho, Hetherington foi dado um distrito que media 80 km de cumprimento por 48 km de largura. Ele andava a cavalo para seus grupos pequenos de crentes na chuva e no calor. Quando uma seca enfraqueceu o seu cavalo, ele foi a pé. Ele tentava estudar a caminho para preparar as suas mensagens. O biógrafo dele conta a seguinte história: “Um sábado à noite ele tinha que andar 48 km; e, depois de subir um morro, quando estava descansando sobre um toco no cume, a ideia de ministros na Escócia reclamando de sentir mal na segunda-feira depois de apenas dois cultos, e sem qualquer outro trabalho, pareceu tão ridícula para ele que ele não se conteve e riu em voz alta, dando gargalhadas exuberantes, que pareciam um tanto estranho na escuridão e solidão do mato.”
 
O que esta história poderosa fez para mim foi colocar as pressões do meu ministério em perspectiva missionária — e bíblica. Como é fácil pressupor que eu tenho o direito de ter conforto. Quão facilmente posso vir a esperar um ministério fácil e sem complicações.
 
Mas eu digo justamente o oposto a missionários. A vida é uma guerra. A vida é estresse: o estresse de aprender o idioma; o estresse de comer comida diferente; o estresse de educar os filhos; o estresse de relacionamentos. Prepare-se para encarnação e crucificação.
 
Mas, aqui na América, onde todo mundo fala inglês e come pizza, eu reclamo quando tenho uma reunião extra, uma visita inesperada no hospital, e escolhas demasiadas. Depois, eu leio sobre Irving Hetherington, e penso sobre a vida missionária “normal”. Eu encaro os meus “sacrifícios” de uma forma diferente. Lembro a repreensão de Jesus quando o coitado do Pedro falou: “Eis que nós tudo deixamos e te seguimos” (Mc 10:28). Jesus não ficou impressionado com o sacrifício. Ele disse: “Em verdade vos digo que ninguém há que tenha deixado casa, ou irmãos, ou irmãs, ou mãe, ou pai, ou filhos, ou campos por amor de mim e por amor do evangelho, que não receba, já no presente, o cêntuplo de casas, irmãos, irmãs, mães, filhos e campos, com perseguições; e, no mundo por vir, a vida eterna” (Mc 10:29-30).
 
Ante as palavras de Jesus e o exemplo de Irving Hetherington, minha autopiedade sobe a lareira em chamas. E no lugar dela? Uma paixão para ter a mente de Cristo. “O Filho do homem . . . não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos. . . . Mais bem-aventurado é dar que receber” (Mt 29:28; At 20:35).
 
Por John Piper
Traduzido por Mark A. Swedberg

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