Faça-nos uma Visita

Faça-nos uma Visita

Como Chegar?

06 setembro 2012

O CASAMENTO AOS OLHOS DE DEUS: O que determina se uma pessoa é casada? Parte 1


1.             INTRODUÇÃO.
Ao se abordar o assunto casamento, é evidente que vários temas surgem concernentes a esse respeito, mas ao querer determiná-lo não há genericamente um consenso. Na sua grande maioria, o meio cristão é unânime ao determinar que o casamento evidencia-se quando duas pessoas se unem e formalizam essa união no Cartório Civil.  Por isso, alguns usam a expressão: “deve ser de papel passado”, significando que o verdadeiro casamento é através do documento expedido pelos cartórios.
Mas, a cada dia que passa, a sociedade está mudando, seus pensamentos de outrora não são mais os mesmos de hoje.  No passado, observa-se que não era realizado o matrimônio como é visto hoje.  As celebrações eram realizadas através da Igreja Católica, e não havia a necessidade de se casar no civil.  No período do Brasil colônia, por exemplo, não existia a lei que estabelecia o Casamento Civil.  A união de certa forma era um ritual, para declarar perante a sociedade, que ali estava sendo formada uma família.
Como então se pode determinar se uma pessoa é casada ou não, já que com o passar do tempo os homens mudam seus pensamentos?  A questão primordial é saber o que Deus define para que uma pessoa seja casada ou não.  Ao longo dos anos as igrejas apresentam um pensamento unânime a respeito deste assunto (o casamento deve ser civil), com poucas divergências, talvez porque nesta área existe pouco ou nenhum material específico tratando do mesmo.
A necessidade e o interesse em abordar este assunto surgiram devido à situação de que alguns casais pertencentes à igreja da qual somos membros viviam juntos, mas não estavam devidamente regularizados com as autoridades.  Sendo que, quando os envolvidos são pessoas que acabaram de se converter ou se apenas o homem que se converteu, é muito fácil de ser resolvida esta situação, porem o mais complicado é quando apenas a mulher é convertida.  O que fazer neste caso? Mulheres que possuem um relacionamento formado, bem estruturado, com filhos, e olhando para seus “maridos”, são pessoas excelentes que tratam muito bem suas “esposas” e seus filhos, mas não são casados civilmente.  A mulher tem o desejo de se casar no cartório, só que seu “esposo” não quer, alega que isso é irrelevante por estarem juntos há tantos anos e já terem filhos (que em sua maioria já são crescidos), então, indagam: para que se casar agora?
Por isso surgem algumas perguntas: (1) o que fazer nestes casos que as mulheres querem casar, mas seus “maridos” não? (2) Tratá-los como muitos tratam (o qual é o modo mais fácil)? (3) deixá-las como uma visitante vitalícia que não podem assumir funções dentro da igreja? ou (4) procurar fazer de um modo mais difícil e complicado? – Dentro do discipulado instruir não só as irmãs, mas também tentar instruir seus “cônjuges” para sua conversão ou pelo menos seu convencimento de se casar.
Outras perguntas que muitos deveriam fazer: (5) Qual é o modo bíblico de tratar estes casos? (6) Por que hoje pastores deixam estas mulheres sem comunhão com a igreja? Impedindo-as de participar de departamentos e cargos na igreja por não poderem tornar-se membros dela. 
1.1.            JUSTIFICATIVA
O passar dos anos a sociedade vem mudando gradativamente sua forma de vida.  No passado, muitos tinham um estilo de viver totalmente diferente do que é visto atualmente.  Estas diferenças são motivadas com o transcorrer do tempo.  A mudança se deve grandemente pela própria sociedade, quando há um desenvolvimento transformando a maneira de pensar, isso em respeito a vários assuntos, trazendo consigo grandes mudanças.
Foram feitas descobertas no passado que transformaram o pensamento da atualidade, onde muitos não tinham um conhecimento correto e julgavam por certo aquilo que eles criam, e com o surgimento de novos fatos (como por exemplo; descobertas arqueológicas), puderam ver que não eram como pensavam.  Isso fez com que eles mudassem seus conceitos acerca de muitas coisas.  A Teologia é uma delas, onde através de um estudo aprofundado das Escrituras, houve o desenvolvimento de um sistema proposto para organizar de modo lógico as doutrinas e com eles a melhor compreensão.
Hoje, a questão não é uma descoberta de uma nova doutrina, mas compreender como Deus que realmente uma pessoa é casada.  Quais devem ser os aspectos básicos para que saibam que elas estão biblicamente casadas.
Quando se olha para o casamento, não é diferente, pessoas também no passado verificavam de uma maneira, e hoje olham de outra forma.  Será que aos olhos de Deus o casamento mudou? Ou será que com o passar do tempo Ele mudou os princípios que regem o casamento? Ou ainda continua a mesma coisa? É claro que Deus não mudou e nem os seus princípios para o casamento mudaram, Ele continua o mesmo, por que nEle “não há mudança nem sombra de variação” (Tiago 1:17), e que desde o princípio Deus permanece com o mesmo propósito para o homem hoje. Que ele deixe “seu pai e a sua mãe, e apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma carne.” (Gênesis 2:24).  Um homem quando se casa com uma mulher, literalmente ele está colando a ela ou grudando nela.  Este é o sentido da palavra “e apegar-se ‘וְדָבַק’”.  O homem está ligado à sua esposa, porém nos anos mais recentes esta afirmação vem mudando, no que se refere a perspectiva do que é está casado. 
1.2.            OBJETIVOS
Neste trabalho, o objetivo não é defender que as pessoas se tornem membros de uma igreja dando a justificativa de ser uma família, no entanto, permanecendo em um estado que na sociedade não estabelece como legal.  A membresia de uma igreja não só envolve isto, sabe-se que todas as pessoas estão debaixo das autoridades que o próprio Deus estabeleceu para governá-las: “Obedecei aos vossos guias e sede submissos para com eles; pois velam por vossa alma, como quem deve prestar contas, para que façam isto com alegria e não gemendo; porque isto não aproveita a vós outros” (Hebreus 13:17).  A questão é estabelecer princípios que vão dizer o que é realmente o casamento aos olhos de Deus.
Sabe-se que as leis são muito voláteis, como no passado não havia uma lei que determinasse o casamento e hoje já existe, o que não impede de que a lei deixe de existir ou mude de uma forma que fique anti-bíblica, isto é, elas sempre podem mudar e então como agir com estas variações? Na atualidade há aquelas uniões que muitos chamam de amasiados ou uma união estável.  Hoje, este tipo de relação é considerado como pecado e amanhã caso a lei mude deixará de ser? A preocupação não é ver o que as leis dizem, mas o que a Palavra de Deus mostra sobre esse assunto!
A finalidade deste trabalho é mencionar biblicamente como Deus conceitua e determina que seja o casamento, tendo em vista uma definição bíblica, dentro das regras hermenêuticas e assim facilitar os pastores a tratar essa problemática dentro de suas respectivas igrejas com novos crentes em situações irregulares perante Deus e os homens. 
2.             O CASAMENTO NO VELHO TESTAMENTO. 
2.1.            ORIGEM DO CASAMENTO.
Quando se fala em casamento, deve-se sempre olhar para o passado e contemplar as maravilhas que Deus fez no princípio de todas as coisas.  No início o homem de certa maneira era solitário, porque Deus o criara só naquele momento, o Senhor ainda não tinha criado uma companheira para ele.  Como Gênesis 2 mesmo menciona, a mulher foi feita por Ele para ser a ajudante idônea do homem, ou seja, uma companheira perfeita.
Ao olhar o homem incapaz de conseguir uma companheira, dar-se a entender que O Senhor deixou que Adão sentisse a necessidade de uma auxiliadora, para que experimentasse a dependência de Deus, e também provasse o poder de Deus para suprir qualquer uma de suas necessidades, independente do que fosse.
Por isso Deus disse “Não é bom que o homem esteja só: far-lhe-ei uma auxiliadora que lhe seja idônea.” (Gênesis 2.18), para que fosse uma companheira para o homem.  Criando a mulher a partir de uma de suas costelas e entregando-a ao homem para que lhe fosse sua mulher (Gênesis 2.22).
Então, depois que Deus colocou a mulher perante Adão e ele mesmo disse que ela seria “afinal, é osso dos meus ossos e carne da minha carne; chamar-se-á varoa, porquanto do varão foi tomada” (Gênesis 2.23), e é aqui neste contexto que se origina o casamento, quando Deus faz o homem sentir a necessidade de uma auxiliadora, isto após ter visto tantos animais junto com seu par, e ele não tinha uma companheira (Gênesis 2.20).
Nota-se que “Adão cumpriu bem a sua tarefa, aplicando seu notável conhecimento. Mas, enquanto ele ia dando nome aos animais, que passavam aos pares, não aparecia nenhuma companheira para ele. Ele percebeu isso; Deus já sabia de fato” (CHAMPLIN, 2001, p. 28, v. 1).  O Senhor sendo soberano e conhecedor de todas as coisas, já possuía o conhecimento disto, mas Deus queria que Adão conhecesse e que ficasse em Sua dependência.
A partir daqui surge o primeiro casamento, onde foi realizado pelo próprio Deus.  Nas palavras do Pastor Damy Ferreira em um de seus artigos, ele menciona o seguinte:
O que temos no Gênesis a respeito do primeiro casamento é algo de mais elevado.  Deus instituiu o casamento e realizou, pessoalmente, a primeira cerimônia.  Como não havia ainda sociedade além de Adão e Eva, o fator civil era desnecessário.  Mesmo assim, o ato foi público, isto é, aberto.  Depois que o homem se afastou do Éden e da presença de Deus, o casamento, bem assim outros valores do ser humano, retrocederam e tiveram que recomeçar por sua própria conta. (FERREIRA, 2009)
O casamento sempre esteve na mente de Deus, onde Ele “não queria que o homem vivesse só, por isso criou para o homem uma auxiliadora que lhe fosse idônea (Gn 2.18). O matrimônio é a primeira instituição criada por Deus, uma ordem estabelecida no paraíso (Gn 2.18-25).” (REFLER, 1992, p. 147).  É de grande importância saber que o matrimônio sempre esteve nos planos de Deus.
Quando Deus estabeleceu o casamento, não havia um instrumento civil para sua celebração, mas nota-se que as pessoas da trindade foram testemunhas para sua confirmação.  Através da passagem de Gênesis capítulo 2, nota-se que há evidências de certo tipo de desenvolvimento do casamento apesar de serem sem padrões exclusivos claros (TENNEY, 2008, v. 1). 
2.2.            SUBMISSÃO AOS RESPONSÁVEIS.
Em todo o registro bíblico não há uma passagem mostrando em detalhes como era realizado o casamento.  Mas “Ao que parece, rapazes e moças se casavam muito jovens. Posteriormente, os rabinos fixaram a idade mínima para o casamento: doze anos para meninas e treze anos para os meninos.” (TENNEY, 2008, p. 980, v. 1).
Apesar desta dificuldade pode ser visto alguns aspectos que viabilizam a compreensão de como se iniciou o enlace nupcial: Eram os pais responsáveis para arranjar o casamento dos filhos, um exemplo disto é visto em Gênesis 24 quando Abrão mandou seu servo buscar a Rebeca na casa do seu parente para casar com seu filho Isaque.  Há também uma referência em Juízes 14.1-4 que diz: 
Desceu Sansão a Timna; vendo em Timna uma das filhas dos filisteus, subiu, e declarou-o a seu pai e a sua mãe, e disse: Vi uma mulher em Timna, das filhas dos filisteus; tomai-ma, pois, por esposa.  Porém seu pai e sua mãe lhe disseram: Não há, porventura, mulher entre as filhas de teus irmãos ou entre todo o meu povo, para que vás tomar esposa dos filisteus, daqueles incircuncisos? Disse Sansão a seu pai: Toma-me esta, porque só desta me agrado.  Mas seu pai e sua mãe não sabiam que isto vinha do SENHOR, pois este procurava ocasião contra os filisteus; porquanto, naquele tempo, os filisteus dominavam sobre Israel.
Embora Sansão tivesse sido atraído pela jovem Timna, chegando a pedir ao seu pai que a tomasse como esposa, ele submeteu-se a decisão de seu pai que tinha outros planos para ele. (DOUGLAS, 1995)
Como de costume do povo israelense naquela época, o filho não podia “fazer os arranjos para o seu próprio casamento.” (CHAMPLIN, 2001, p. 1057, v. 2.), sendo a decisão final dos pais para o arranje do matrimônio, os filhos não podiam intervir de forma nenhuma nos preparativos.
Normalmente, os jovens não eram consultados para saber a sua opinião, para ver se era de sua vontade casar com a mulher (ou com um homem) que seus pais tinham escolhido para ele (VAUX, 2002.).  A escolha da pessoa que iria se casar e com quem ela se casaria, não estava intrinsecamente ligada aos pais, mas também naqueles que estavam como responsáveis por aquela pessoa.  Este aspecto é visto no caso da irmã de Tafnes, a mulher do faraó; este a deu para Hadade, o edomita conforme é descrito em 1 Reis.
Achou Hadade grande mercê por parte de Faraó, tanta que este lhe deu por mulher a irmã de sua própria mulher, a irmã de Tafnes, a rainha. A irmã de Tafnes deu-lhe à luz seu filho Genubate, o qual Tafnes criou na casa de Faraó, onde Genubate ficou entre os filhos de Faraó. (1 Reis 11.19-20)
Para os responsáveis, na sua grande maioria, não se importava com os sentimentos dos seus filhos, pois acreditavam que o amor vinha com o tempo. Coleman menciona isto em seu manual de costumes bíblico, ele diz o seguinte:
A idéia [sic] do casamento arranjado não era descartava o amor. Esperava-se que os jovens viessem a se amar depois que o casamento fosse consumado, já que se via o amor como uma questão de decisão pessoal, e portanto como algo que dependia apenas da vontade de cada um. Depois que os jovens se casassem, surgiria o amor.  (COLEMAN, 1991, p. 105)
Apesar de que os pais tinham toda autonomia de escolha das futuras noras, não significa que os filhos ficassem neutros, eles podiam pedir para seus pais uma determinada mulher como esposa.  Caso ela fosse do agrado de seu pai, ele iria atender o seu pedido, senão, era negado.  Mas ainda havia caso que o jovem “podia tomar sua própria decisão sem consultar os pais. Podia fazer sua escolha mesmo contra a vontade deles”.  (TENNEY, 2008, p. 980, v. 1)
Outro evento que pode ser notado, é que geralmente os enlaces matrimoniais eram realizados com membros da mesma família, como é descrito o caso de Isaque onde Abraão enviou o servo mais velho da sua casa, mandando-o a casa de seu tio para buscar uma mulher dentro da casa de sua família, para ser esposa de seu filho.
Disse Abraão ao seu mais antigo servo da casa, que governava tudo o que possuía: Põe a mão por baixo da minha coxa, para que eu te faça jurar pelo SENHOR, Deus do céu e da terra, que não tomarás esposa para meu filho das filhas dos cananeus, entre os quais habito; mas irás à minha parentela e daí tomarás esposa para Isaque, meu filho.  (Gênesis 24.2-4)
O servo de Abraão foi fiel ao seu senhor, e cumpriu com seu pedido, pois é visto que “Considerava ele ainda, quando saiu Rebeca, filha de Betuel, filho de Milca, mulher de Naor, irmão de Abraão, trazendo um cântaro ao ombro” (Gênesis 24.15), onde é conhecido que ela era prima de Isaque.
Abraão não queria que seu filho se contaminasse com a idolatria de outros povos, temendo que ele pudesse deixar de adorar o único que é digno de toda a honra e louvor, que é o nosso Deus.  Isso não era apenas uma preocupação de Abraão para com seu filho, é visto que o próprio Deus deixou advertido em várias passagens que uma pessoa que faz parte do povo de Deus só poderia casar com outra pessoa que pertencesse também ao seu povo.  Deus não permite uma união com povo que não é Seu, isto ele sempre enfatizou como é visto em Deuteronômio.
...nem contrairás matrimônio com os filhos dessas nações; não darás tuas filhas a seus filhos, nem tomarás suas filhas para teus filhos; pois elas fariam desviar teus filhos de mim, para que servissem a outros deuses; e a ira do SENHOR se acenderia contra vós outros e depressa vos destruiria. (Deuteronômio 7.3-4) 
2.3.            A PROIBIÇÃO DA UNIÃO COM OUTROS POVOS.
Deus sempre proibiu uma união que não fosse entre o seu povo como diz Deuteronômio: “nem contrairás matrimônio com os filhos dessas nações; não darás tuas filhas a seus filhos, nem tomarás suas filhas para teus filhos” (Deuteronômio 7.3).  Esta proibição se estende não apenas para o Antigo Testamento, em 2 Coríntios 6:14 diz o seguinte: “Não vos ponhais em jugo desigual com os incrédulos; porquanto que sociedade pode haver entre a justiça e a iniquidade? Ou que comunhão, da luz com as trevas?”, é notório que esta passagem não se trata diretamente sobre o casamento, ela está ligada a qualquer união que não é do agrado de Deus.  Ou seja, qualquer junção de um crente com descrente não deve ser realizada.  Por diversas vezes Deus vem mostrando a proibição da união de seu povo com outros povos.
Por toda parte da bíblia vemos que Ele sempre os adverte para não tomar mulheres de outros povos.  Deus não permitiu que o seu povo desse os filhos para casarem com outros povos que não fosse o de Israel, como por exemplo: os Cananeus, heteus, zebuzeus, filisteus, moabitas, amonitas, edomitas, sidônios etc., enfim todos aqueles que não faziam parte do povo israelita.
No livro de Josué é mencionado um alerta para o perigo de Israel se casar com as mulheres de outras nações, e que isso poderia ser uma armadilha para eles:
Portanto, empenhai-vos em guardar a vossa alma, para amardes o SENHOR, vosso Deus.  Porque, se dele vos desviardes e vos apegardes ao restante destas nações ainda em vosso meio, e com elas vos aparentardes, e com elas vos misturardes, e elas convosco, sabei, certamente, que o SENHOR, vosso Deus, não expulsará mais estas nações de vossa presença, mas vos serão por laço e rede, e açoite às vossas ilhargas, e espinhos aos vossos olhos, até que pereçais nesta boa terra que vos deu o SENHOR, vosso Deus.  (Josué 23:11-13).
Ao chegar ao fim do livro, Josué deixa um questionamento para o povo e menciona qual é a sua decisão: “Porém, se vos parece mal servir ao SENHOR, escolhei, hoje, a quem sirvais: se aos deuses a quem serviram vossos pais que estavam dalém do Eufrates ou aos deuses dos amorreus em cuja terra habitais.  Eu e a minha casa serviremos ao SENHOR” (Josué 24:15).  Mostrando que muitos poderiam escolher a coisa errada, mas ele estava disposto a servir a Deus.  O povo deveria saber que a união com outros povos acarretaria em uma prática que não estava dentro dos padrões que Deus tinha estabelecido para eles.
É notório que a preocupação de Deus em não permitir que Israel se casasse com outras nações, era certamente para evitar que seus servos deixassem de servi-lo e passassem a cultuar outros deuses, passando assim, a ser um povo idólatra.  Com isso acabariam fazendo coisas abomináveis ao Senhor como está descrito em Malaquias 2.11 “Judá tem sido desleal, e abominação se tem cometido em Israel e em Jerusalém; porque Judá profanou o santuário do SENHOR, o qual ele ama, e se casou com adoradora de deus estranho”.
Isto aconteceu com o próprio rei Salomão, que entre todos os homens foi considerado o mais sábio de todos os tempos, onde sua sabedora não foi superada até aos dias atuais.  Só que ele não teve a sabedoria de se manter longe das mulheres estrangeiras que o Senhor tinha ordenado e acabou sendo levado a levantar altares para deuses pagãos.  Isto depois de ter possuído 700 esposas e 300 concubinas de nações que Deus tinha ordenado ao povo de Israel a não se casarem.  Toda essa atração por mulheres não foi por apenas herdar do pai, mas também para concluir “transações comerciais com reis estrangeiros que envolviam ‘casamentos políticos’ e desse modo formou um harém de esposas oriundas de muitas terras (1 Reis 11:1-8)”.  (TENNEY, 1990, p. 18).
Como elas eram mulheres pagãs fizeram com que ele cedesse aos seus caprichos e ele fez o que elas queriam: levantar os altares para os deuses pagãos para poderem cultuá-los, e provavelmente Salomão participava de algumas cerimônias acompanhando suas esposas.
Assim, fez Salomão o que era mau perante o SENHOR e não perseverou em seguir ao SENHOR, como Davi, seu pai.  Nesse tempo, edificou Salomão um santuário a Quemos, abominação de Moabe, sobre o monte fronteiro a Jerusalém, e a Moloque, abominação dos filhos de Amom.  Assim fez para com todas as suas mulheres estrangeiras, as quais queimavam incenso e sacrificavam a seus deuses. (1 Reis 11.6-8) 
2.4.            A CERIMÔNIA.
O casamento para os israelitas era um momento de extrema alegria, onde “A cerimônia principal era a [sic] entrada da noiva na casa do esposo” (VAUX, 2002, p. 56).  Além do mais existiam cerimônias que eram públicas e outras particulares, e nestas festas existia um rigor nas suas vestes.  Alguns participantes iam com trajes especiais que neles podiam conter até joias preciosas: “..., como noivo que se adorna de turbante, como noiva que se enfeita com as suas joias” (Isaías 61.10d).  Quando se faz uma comparação entre as noivas do Antigo Testamento com as da atualidade não será encontrada grandes diferenças, elas também como as de hoje utilizavam véus (ver. Gên. 24.65), e em suas festas havia algumas ornamentações de flores ou de coroas de flores (CHAMPLIN, 1991).
Diferente dos ocidentais que dão ênfase no casamento à noiva, para os judeus o centro de toda a atenção é o noivo.  Apesar de a noiva estar toda adornada com jóias e com um vestido magnificamente bonito, é o homem que tem todo o destaque (TENNEY, 1990).  Na cerimônia o noivo entra com a sua cabeça enfeitada com diademas e é acompanhado por seus amigos que vem cantando e tocando tamborins (VAUX, 2002), o livro de Macabeus relata esta cena: “o noivo, e os seus amigos e irmãos, avançando ao encontro desta comitiva, ao som de tambores e instrumentos musicais, com muita gente armada” (Macabeus 9.39).  O percurso que eles faziam tinha como o destino a casa da noiva, saindo da casa do noivo e indo direto para a casa da prometida.  (VAUX, 2002).
Como em toda a cerimônia de casamento em qualquer cultura, no cerimonial judaico existia algumas formalidades.  Para os judeus o casamento era constituído de dois estágios.  Eles dividam em noivado “erusim” ou “kiddushin” e Casamento “huppah” (a palavra significa “baldaquino”) que representava a verdadeira cerimônia de levar a noiva para casa. “O noivado era uma promessa de casamento com valor legal (Dt 20.7)” (TENNEY, 2008, p. 981, v. 1). O homem possuía alguns direitos quando se casava, como a isenção do serviço militar e para a mulher quando ela assumia o compromisso de matrimônio, era vista como equivalente a uma mulher já casada.  Qualquer homem que tivesse a ousadia de violentá-la, ou se a mulher tivesse qualquer relacionamento com outro homem, eles eram apedrejados até a morte e eram considerados como adúlteros.  (TENNEY, 2008, v. 1)
O “kiddushin” é o noivado que pode ser comparado como um casamento que ainda não foi consumado, e “de acordo com a lei, a noiva podia ser comprada (contratada em casamento) mediante pagamento em dinheiro, por documento (um contrato curto) ou por coabitação.” (TENNEY, 2008, p. 981, v. 1).  Já o “Huppah” é a cerimonia propriamente dita do casamento, Tenney da uma descrição dessa cerimônia bem detalhada da realização da cerimônia e como era realizada.
a verdadeira cerimônia de casamento, na qual o noivo leva a noiva para casa.  o casamento era um tempo de alegria.  A principal cerimônia era a entrada da noiva na casa do noivo.  O noivo era o rei por uma semana.  Durante toda a semana ele usava suas roupas de festa, não trabalhava e apenas assistia as festividades – de vez em quando, dançava com a noiva.  Acompanhado por seus amigos com tamborins e outros instrumentos, ele ia à casa da noiva onde a cerimônia de casamento tinha início.  A noiva, ricamente trajada, adornada com joias (Sl 45. 14,15), geralmente usava um véu, o qual tirava apenas na câmara nupcial.  Escoltada por suas damas de companhia, ela era levada à casa do noivo.  Canções de amor eram cantadas, exaltando os noivos.  Discursos eram feitos em sua homenagem, exaltando as virtudes dos recém-casados.  Grandes festividades eram preparadas na casa do noivo ou, às vezes, na casa dos seus pais.  No final da festa a noiva era conduzida por seus pais até a câmara nupcial (Jz 15.1).  A noiva permanecia com o véu durante todas as cerimônias (Gn 29.23).  Depois da noite de núpcia (Gn 29.23) os pais da noiva costumavam guardar o lençol usado na cama como prova da virgindade (Dt 22.13-21).  A obrigação de preservar a prova da castidade da jovem antes do casamento destinava-se a funcionar como uma proteção contra as calúnias de um marido malicioso ou inconstante.  Não havia festa de casamento para as concubinas.  (TENNEY, 2008, p. 981, v. 1)
Já Champlin, faz uma descrição da importância que o povo Hebreu dava para o casamento:
O povo hebreu era um povo que se divertia, tomando vinho e dançando, não muito parecido com os evangélicos de hoje, demasiadamente inclinados ao ascetismo.  Ver João 2.3,9,10.  Rejeitar um convite a um casamento era uma questão séria (ver Mat. 22.7).  Vestes festivais eram usadas pelos convidados.  (CHAMPLIN, 1991, p. 175, v. 4)
Os israelenses eram um povo extremamente festivo que dava muita ênfase em suas comemorações, chegando ao ponto de compararem a falta de uma pessoa na festa como uma desfeita muito grave para com eles. 
2.5.            A ALIANÇA.
O casamento por si só é uma aliança feita entre duas pessoas (um homem e uma mulher) que decidem viver juntas com a finalidade de formarem uma família.  Pode se dizer que o “casamento é uma aliança solene entre só um homem e só uma mulher que prometem fidelidade mútua até que a morte os separe” (REFLER, 1992, p. 147). 
Este aspecto pode ser visto em algumas citações do Velho Testamento como em Provérbios que diz: “a qual deixa o amigo da sua mocidade e se esquece da aliança do seu Deus” (Provérbios 2.17), esta passagem mostra que “ao deixar o marido com quem se casou quando jovem, é acusada por Deus de esquecer (e quebrar) Sua aliança. O casamento, portanto, é nada mais que uma aliança ordenada por Deus.” (ADAMS, 1996, p. 47).  Já em Malaquias menciona o seguinte: “E perguntais: Por quê? Porque o SENHOR foi testemunha da aliança entre ti e a mulher da tua mocidade, com a qual tu foste desleal, sendo ela a tua companheira e a mulher da tua aliança” (Malaquias 2.14).  Nesta última passagem, o profeta mostra que o casamento, é uma aliança de Deus, e que o homem havia quebrado.  O livro mostra que Deus estava expondo para o povo que a esposa, além de ser a sua auxiliadora idônea, ela é a esposa que foi conquistada por meio de uma aliança (ADAMS, 1996).  O matrimônio é uma aliança que é realizada na presença de Deus e podemos ver através da declaração de Adams que o casamento não é uma opção, mas uma ordem porque está dentro do propósito de Deus, e como sendo uma aliança ela é feita na presença de Deus.  (ADAMS, 1996).
Há uma referência indireta ao casamento nos 10 mandamentos, mostrando a fidelidade no matrimônio.  Refler diz que a “promessa de lealdade conjugal também está implícita no sétimo mandamento” (REFLER, 1992, p. 147), lembrando que a aliança é feita entre homem e a mulher, e principalmente entre o casal com Deus.
O casamento era marcado com um acordo que envolvia tanto pessoalmente como coletivamente.  A fidelidade de se cumprir o acordo feito entre as famílias era algo prioritário para elas, afim de que pudessem ter uma segurança no cumprimento da aliança ali estabelecida (CHAMPLIN, 1991, v. 4.).  Um exemplo deste acordo feito no casamento se encontra no livro de Tobias:
Então Raguel [sic] respondeu: Não duvido que Deus aceitasse em sua presença as minhas orações e as minhas lágrimas.  E creio que por isso êle [sic] fez que viésseis ter comigo, para que esta filha se desposasse com um da sua parentela, segundo a lei de Moisés; por isso não duvides que eu ta [sic] darei.  E, pegando na mão direita de sua filha, a pôs na mão direita de Tobias, dizendo: O Deus de Abraão, e o Deus de Isac [sic], e o Deus de Jacó seja convosco, e êle [sic] mesmo vos ajunte e cumpra em vós a sua bênção.  E, tomando papel, fizeram a escritura de Casamento. (Tobias 7.13-16) 
Outro exemplo que se pode encontrar sobre a aliança no casamento é em Malaquias 2.14 que chama a esposa de “a mulher de tua aliança”, ou berît.  Este termo berît se refere geralmente ao contrato religioso, mas aqui se trata de um acordo referente ao casamento.  Em Provérbios 2.17 por sua vez, o casamento é chamado de “aliança de Deus”.  (VAUX, 2003).
Os judeus levavam muito a sério o matrimônio, considerando-o como um assunto civil.  Eles possuíam um título de casamento que “era um contrato legal, definindo os direitos das partes envolvidas. Para os israelitas, era uma aliança ou b’ritho [sic]. (TENNEY, 2008, p. 981, v. 1). 
2.6.            A FESTA DO CASAMENTO.
A festa era a parte mais importante na cerimônia do casamento, e quem geralmente custeava a festividade era a família da noiva (Gênesis 29.22), mas que isso fosse uma regra fixada, às vezes podia ver os pais do noivo participando também nos custos da realização do festejo (Juízes 14.10) (TENNEY, 1990).  Ainda dentro da festa, havia também um momento muito esperado, o pronunciamento das bênçãos de Deus sobre o casal proferido pelo pai.  “Foi por isto que Isaque abençoou a Jacó antes de enviá-lo a Harã para buscar uma esposa (Gênesis 24:60; 28:1-4)”  (TENNEY, 1990, p. 31).
A festa do casamento no período do Antigo Testamento não era muito distinta das festas encontradas hoje em dia, tirando o contexto cultural típico de cada região e épocas, elas são praticamente idênticas.  Em alguns casos os “festejos do casamento prosseguiam, talvez tanto quanto uma semana (ver Gên. 29.27). Música, danças e vinho eram importantes elementos desses festejos, juntamente com muita comida.” (CHAMPLIN, 1991, p. 175, v. 4).  Note que as pessoas quando realizavam seus casamentos, dificilmente estavam preocupadas com o seu tempo de duração, mas sim com a alegria e a felicidade que um matrimônio representava. 
2.7.            A CONSUMAÇÃO DO CASAMENTO.
Para os israelitas, o casamento só se confirmava com a consumação do ato sexual.  “Entre muitos povos, enquanto o casamento não se consumasse, poderia haver anulação do matrimônio, sem necessidade de divórcio” (CHAMPLIN, 1991, p. 175, v. 4).  Eles eram tão rígidos neste aspecto que um “pano manchado de sangue deveria ser exibido como prova da virgindade da noiva” (CHAMPLIN, 1991, p. 175, v. 4), se isso não acontecesse à mulher era devolvida para seus pais e o casamento era imediatamente anulado.  Este fato é encontrado no livro de Deuteronômio.
Se um homem casar com uma mulher, e, depois de coabitar com ela, a aborrecer, e lhe atribuir atos vergonhosos, e contra ela divulgar má fama, dizendo: Casei com esta mulher e me cheguei a ela, porém não a achei virgem, então, o pai da moça e sua mãe tomarão as provas da virgindade da moça e as levarão aos anciãos da cidade, à porta.  O pai da moça dirá aos anciãos: Dei minha filha por mulher a este homem; porém ele a aborreceu; e eis que lhe atribuiu atos vergonhosos, dizendo: Não achei virgem a tua filha; todavia, eis aqui as provas da virgindade de minha filha.  E estenderão a roupa dela diante dos anciãos da cidade, os quais tomarão o homem, e o açoitarão, e o condenarão a cem siclos de prata, e o darão ao pai da moça, porquanto divulgou má fama sobre uma virgem de Israel.  Ela ficará sendo sua mulher, e ele não poderá mandá-la embora durante a sua vida.  Porém, se isto for verdade, que se não achou na moça a virgindade, então, a levarão à porta da casa de seu pai, e os homens de sua cidade a apedrejarão até que morra, pois fez loucura em Israel, prostituindo-se na casa de seu pai; assim, eliminarás o mal do meio de ti. (Deuteronômio 22.13-21.)
Os Israelitas davam uma ênfase muito exagerada nesta confirmação e si detinham principalmente no que era dito na lei sobre a permanência da mulher no seu estado virginal.  A mulher não podia ter nenhum tipo de relação sexual antes do seu matrimônio.  Isto era descrito que “era contrário a Lei que uma mulher não casada tivesse relações sexuais”.  (TENNEY, 1990, p. 21). 
Segundo a lei, a mulher deveria estar no seu estado de pureza, para entregar-se ao seu futuro esposo, e se no dia das núpcias fosse constatada que ela não era mais virgem, a mulher seria levada para a porta de seus pais e para que os homens da cidade jogassem pedra nela até que ela morresse.  (TENNEY, 1990).
Pr. Anderson Roque Gouveia

Nenhum comentário:

Postar um comentário