Referente à parte
cerimonial do casamento no Novo Testamento, esta não se diverge das práticas
feita no Antigo Testamento. Não há muita
menção de como era realizada esta prática, mas pode ser visto em João 2, quando Jesus foi
convidado para ir para um casamento na Galiléia. “Três dias depois, houve um casamento
em Caná da Galiléia, achando-se ali a mãe de Jesus. Jesus também foi convidado,
com os seus discípulos, para o casamento.” (João 2.1-2).
Jesus compareceu a, pelo menos, uma cerimônia de
casamento e abençoou-a. Em suas lições, ele referiu-se a vários aspectos das
festividades de casamento, mostrando assim que a pessoa comum tinha
familiaridade com tais cerimônias (Mateus 22:1-10; 25:1-3; Marcos 2:19-20;
Lucas 14:8). (TENNEY, 1990, p. 31)
Não é encontrada em
nenhuma outra parte alguma referência direta sobre como era realizada a
cerimônia do casamento, mas isso não quer dizer que não havia. Tanto que Jesus e Paulo tentaram corrigir
algumas práticas erradas que o povo cometia.
Eles mostraram como deve ser o verdadeiro casamento e como é o
relacionamento conjugal. Neste capítulo
serão abordados justamente sobre os ensinamentos referentes ao casamento de
Jesus nos evangelhos, dentre os quais o de Paulo, em suas cartas.
3.1.
ENSINO DE JESUS SOBRE O CASAMENTO
3.1.1. João 8
Este capítulo ressalta o
Senhor Jesus ensinando no templo quando os fariseus chegaram e lhe trouxeram
uma mulher pega em adultério e lhe fizeram um questionamento.
Os escribas e fariseus trouxeram à sua presença uma
mulher surpreendida em adultério e, fazendo-a ficar de pé no meio de todos,
disseram a Jesus: Mestre, esta mulher foi apanhada em flagrante adultério. E na lei nos mandou Moisés que tais mulheres
sejam apedrejadas; tu, pois, que dizes? (João 8.3-5)
Eles não queriam saber
qual a atitude que deveria tomar em relação ao ato daquela mulher, pois já
sabiam o que era para ser feito, tanto que já chegaram e no mesmo instante, falaram
como se deveria proceder: “na lei nos mandou Moisés que tais mulheres sejam
apedrejadas” (verso 5.b). Na realidade,
os judeus queriam de alguma forma acusar a Jesus, isto é tão evidente que na
própria lei de Moisés menciona que: “se um homem for achado deitado com uma
mulher que tem marido, então, ambos
morrerão [negrito nosso], o homem que se deitou com a mulher e a mulher;
assim, eliminarás o mal de Israel.” (Deuteronômio 22:22).
Como a mulher era
culpada, porque os fariseus não trouxeram também o homem que foi pego junto com
a mulher? Não se vê no texto o relato do
que fizera com o homem que estava envolvido.
Pois, a lei quando se referia ao “adultério era realmente muito severa, porquanto, de acordo com
as passagens de Lev. 20:10 e Deut. 22:22, nesse caso ambos os indivíduos
envolvidos no caso deveriam ser condenados
à morte”. (CHAMPLIN, 2001, p. 398,
v. 2.), o homem também deveria estar presente para ser apedrejado.
Os fariseus não estavam
procurando zelar a pureza do matrimônio, mas estavam apenas procurando uma
maneira para acusar Jesus de alguma forma.
Como Cristo é conhecedor de todas as coisas, incluindo as intenções dos
corações deles, apenas se abaixou começou a escrever no chão e disse: “Aquele
que dentre vós estiver sem pecado seja o primeiro que lhe atire pedra” (João
8.7b). Como todos eram culpados, saíram
um por um, não ficando nenhum para acusar a mulher.
Cristo não estava
defendendo ou acusando a mulher, a própria consciência desta já estava a
acusando, Ele mostrou para aqueles que estavam presentes que também eram
acusados de quebrar a lei.
3.1.2. Mateus 19
e Marcos 10
Em Mateus 19,
encontramos Jesus deixando a Galiléia e indo para o território da Judéia, e
aqui é visto mais uma vez que os fariseus se aproximarem dele para fazê-lo uma
pergunta capciosa: “É lícito ao marido repudiar a sua mulher por qualquer
motivo?” (Mateus 19.3). A finalidade
mais uma vez não era saber realmente se era lícito se divorciar ou não, eles já
possuíam suas convicções sobre este assunto.
Alguns comentaristas
levantam a questão de que os Judeus queriam colocar o Senhor Jesus em “maus
lençóis”, armando uma cilada para fazê-lo cair ou apenas querendo
experimentá-lo. Já Peterson comenta o
seguinte:
Difícil é determinar o motivo por que os fariseus
apresentaram êsse [sic] assunto tão explosivo nos dias de Jesus. É certo que não havia sinceridade da parte
dêles [sic], porque vieram para experimentá-lO [sic] ou tentá-lO [sic] (v. 2). Talvez quisessem pôr Jesus em dificuldade e
em má posição diante dum grande grupo de líderes judeus, pois que, fôsse [sic]
qual fôsse [sic] a resposta dêle [sic], a posição ou partido que tomasse seria
violentamente criticada pelos defensores do outro partido. Podia ser que os fariseus soubessem
perfeitamente a posição tomada por Jesus, e assim queriam anunciar depois a
todos que Jesus não tinha o menor respeito pelas leis de Moisés. (PETERSON, 1962, p. 94).
Não importa qual o
motivo, a intenção real era de denegrir a imagem de Jesus para ter como acusá-lo,
porque “qualquer que fosse a resposta que Jesus desse, com certeza desagradaria
a alguém e, possivelmente, daria motivos para ser preso” (WIERSBE, 2008, p.
186, v. 5). Eles queriam na realidade um
motivo para poder prender Jesus, esperavam que Ele tomasse algum partido. Assim, estariam de posse de instrumentos para
apontarem uma falha nEle. Porém, a
sucessão dos fatos não foi bem como eles imaginaram, Cristo utilizou as
próprias escrituras, algo que eles não estavam esperando. O Senhor utilizou-se de algo que eles mesmos julgavam
serem grandes conhecedores para dar a resposta, utilizando-se das próprias
palavras de Deus.
Então, respondeu ele: Não tendes lido que o Criador,
desde o princípio, os fez homem e mulher e que disse: Por esta causa deixará o
homem pai e mãe e se unirá a sua mulher, tornando-se os dois uma só carne? De
modo que já não são mais dois, porém uma só carne. Portanto, o que Deus ajuntou não o separe o
homem. (Mateus 19.4-6)
Os fariseus fizeram este
questionamento se baseando em Deuteronômio 24.1-4 para questionar a Jesus, pois
havia os seguidores do rabino Hillel, que acreditavam que o homem podia se
separar por quaisquer motivos, isso poderia ser por qualquer coisa: apenas por
um desgosto ou alguma falha que encontrasse na mulher, chegando ao ponto de que
se ela queimasse a comida poderia ser repudiada (PASTORINO, 1964).
Já para os seguidores do
rabino Shammai, que tinham um posicionamento mais rígido a respeito do
divórcio, o homem só poderia se separar da mulher caso existisse algum pecado
anterior ao casamento (WIERSBE, 2008, v. 5).
É como Pastorino afirma: o homem só poderia separar de sua mulher “se
houvesse realmente um ‘costume inconveniente’, isto é, se a mulher lhe fosse
infiel entregando-se a outro homem, é que se lhe poderia dar carta de repúdio”
(PASTORINO, 1964, p. 67).
Cristo ao responder-lhes
faz alguns questionamentos: “Ele lhes respondeu: Que vos ordenou Moisés?”
(Marcos 10.3), para ter um gancho para o próximo questionamento.
Ao referir-se ao mandamento por duas vezes (vv. 3, 5),
ele mostra sua preocupação com a vontade de Deus. Seus oponentes, entretanto, falam duas vezes
sobre o que é "permitido" (ou "lícito", vv. 2, 4). Como diz Schweizer: "quando uma pessoa
faz esse tipo de pergunta, está buscando maiores vantagens para si dentro dos
limites do que é permissível. Ao fazer isso, terá destruído o casamento antes
mesmo de começar" (MULHOLLAND, 2005, p. 108)
Ao invés deles falarem
do mandamento, apenas indagaram se Moisés tinha permitido repudiar sua mulher
(Marcos 10.4). Com isso “Jesus replicou
que a lei mosaica representava concessão à dureza dos corações dos homens e,
como tal, opunha-se à vontade de Deus.” (GARDNER, 1982, p. 284), era por causa
da própria dureza do coração do povo e não a vontade de Deus para o homem
(Marcos 10.5).
Então Jesus faz o outro
questionamento para os fariseus “..., Não tendes lido que o Criador, desde o
princípio, os fez homem e mulher” (Mateus 19.4b), com este questionamento Jesus
se volta para o princípio da criação no livro de Gênesis, e mostra para eles o
que Deus tinha feito na criação, no intuito de mostrar que “ao construir um
casamento segundo o padrão de Deus, não é preciso preocupar-se com o divórcio”
(WIERSBE, 2008, p. 89, v. 5).
Ao entender o casamento
como sendo uma obra de Deus, não há necessidade dos indivíduos se preocuparem
com as questões advindas do divórcio.
Champlin mostra qual é a idéia referente ao verdadeiro casamento.
O verdadeiro casamento deve se incluir, desde o princípio,
a idéia de que aquele homem e aquela mulher foram criados um para o outro, e que os seus destinos e razões de existência
estão ligados. Esse tipo de união,
naturalmente, é indissolúvel. Jesus
mostrou que o casamento deve ser mais do que uma necessidade biológica ou uma
pratica social, ou ainda exigência psicológica: deve ter base em finalidades
espirituais, teístas e metafísicas; a própria natureza requer uma união
indissolúvel. (CHAMPLIN, 2001, p. 479, v.
1)
Pohl tem uma perspectiva
interessante sobre o casamento, ele mostra no comentário que faz do livro de
Marcos que o casamento como sendo uma instituição divina, então não poderia ser
desfeito pelo homem:
Se o casamento, por natureza, é uma instituição
divina, e não um contrato particular, uma união de interesses, um costume
ditado pela sociedade, se o próprio Deus faz parte da definição do casamento,
então homem, mulher e sociedade perdem o direito de legislar sobre o
casamento. Por este motivo, quem os
separa se defronta com Deus. "O
Senhor, Deus de Israel, diz que odeia o repúdio" (Ml 2.16), "Deus
julgará os adúlteros" (Hb 13.4). (POHL,
1998, p. 250.)
Já Adams, se refere ao
casamento não como um contrato humano o qual pode a qualquer momento ser
mudado, ele mostra que o casamento não é variável, mas constante.
O casamento não é um contrato social produzido pelo
homem e que provou ser útil à sociedade, por algum tempo. Se assim fosse, deveríamos começar
imediatamente a preparar melhores opções paro o futuro. “o casamento foi bom, para a sua época”,
dizem, “mas já esta superado para nós. Precisamos de mais liberdade. Agora que
temos a pílula, aborto legalizado em muitos países, a maior parte da utilidade
do casamento desapareceu”. Não, o
casamento não é assim. (ADAMS, 1996, p.
46)
Quando se volta para o
que Cristo falou, fazendo uma referência ao livro de Gênesis, diretamente para
a criação, traz a tona tudo o que Deus tinha estabelecido para o casamento. Com isso, Jesus relembra aos fariseus que
desde o início da criação, o Senhor tinha estabelecido o casamento para ser
indissolúvel: “De modo que já não são mais dois, porém uma só carne. Portanto,
o que Deus ajuntou não o separe o homem” (Mateus 19.6), sendo também uma união
física “Uma só carne” como é visto no versículo anterior.
Ele observou que desde
o princípio Deus fizera homem e
mulher, prescrevendo que por amor ao casamento o homem devia deixar pai e mãe, e que ele unir-se-á à sua
mulher e serão os dois uma só carne.
Esta união ele reconhecia como obra de Deus, que não podia ser desfeita
pelo homem. Separar é obra do homem, e não de Deus. (ALLEM, 1983, p. 235.)
Os enlaces matrimoniais
têm um caráter perpétuo, que apenas é dissolvido com a morte de algum dos
cônjuges. (REFLER, 1992).
3.2.
ENSINOS DE PAULO SOBRE O CASAMENTO
3.2.1. Romanos 7
Paulo, ao escrever o
capítulo 7 de Romanos, estava tentando mostrar através de uma ilustração qual é
a nossa relação com a lei, isto ele faz usando uma comparação com o relacionamento
conjugal. O apóstolo mostra que uma vez
casada, a pessoa está ligada ao seu cônjuge até a morte. Só após, ela passa a se encontrar novamente
no seu estado livre para casar-se novamente, caso assim bem entender. Do modo que o versículo 2 fala “Ora, a mulher
casada está ligada pela lei ao marido, enquanto ele vive; mas, se o mesmo
morrer, desobrigada ficará da lei conjugal.” (Romanos 7.2). Mostra que o homem e mulher estão ligados à
lei do casamento e não a lei do divórcio, e estes laços só são desfeitos com o
óbito de um ou do outro. No comentário
de Wiesrbe, este se refere a esta passagem ressaltando:
A ilustração é simples, mas sua aplicação é
profunda. Quando um homem e uma mulher
se casam, estão unidos para o resto da vida.
O casamento é uma união física (“tornando-se os dois uma só carne”; Gn
2:34) e só pode ser rompida por uma causa física, como, por exemplo, a morte.
(WIERSBE, 2008, p. 696-697, v. 5)
Se por ventura algum
deles não esperasse o falecimento do seu companheiro e estabelecesse outro
matrimônio, estaria cometendo um adultério (KITTLE, 2010). O versículo 3 mostra que “De sorte que será
considerada adúltera se, vivendo ainda o marido, unir-se com outro homem;
porém, se morrer o marido, estará livre da lei e não será adúltera se contrair
novas núpcias.” (Romanos 7.3).
A pessoa realmente está
em adultério, não se pode questionar o que a própria palavra menciona, pois
“enquanto os dois estão vivos, marido e esposa encontram-se sob a autoridade da
lei do casamento”. (WIERSBE, 2008, p.
697, v. 5).
Harrison ao se referir
sobre o texto ele diz o seguinte:
A Lei do Matrimônio, Romanos 7:1-6. Pela lei do matrimônio a mulher está ligada
ao marido. (E vice-versa – “o homem”
também, visto que no versículo 1 é genérico).
O laço matrimonial é uma obrigação assumida para tôda [sic] a vida. Só a morte o anula. O ponto frisado por Paulo é justamente êsse
[sic]: A morte dissolve a obrigação legal.
(HARRISON, 1973, p. 84)
Neste contexto é visto
mais uma vez que para Deus o casamento é indissolúvel, com a exceção da
ocorrência da morte de algum dos cônjuges.
Pelo contrário estariam cometendo adultério, por isso que os homens não
devem interferir naquilo em que Deus estabeleceu para eles. Como o casamento foi estabelecido por Deus,
os homens não têm o direito de interferir: Mateus diz que “De modo que já não
são mais dois, porém uma só carne. Portanto, o que Deus ajuntou não o separe o
homem.” (Mateus 19:6) Bruce afirma que o casamento é uma relação que perdura a
vida inteira. (BRUCE, 2002)
Nestes versículos, John
Murray mostra a aplicação do matrimônio, e seria arbitrário fazer uma
interpretação alegórica:
Nestes versículos, encontramos a aplicação deste
principio geral do caso do matrimônio.
Não há razão para imaginarmos que estes versículos sejam mais do que uma
declaração daquilo que é verdadeiro no vínculo conjugal entre um homem e sua
mulher, sendo bastante arbitrário sujeitá-los a uma interpretação
alegórica. (MURRAY, 2003, p. 267)
Murray esta dizendo que
tanto o versículo 2 como o 3 são apenas usados para ilustrar a relação que o
casamento tem com as pessoas, e os aspectos da lei para os crentes hoje, que
não há razão de dizer que ali seria uma alegoria. Simplesmente mostra a relação entre o marido
e a esposa enquanto ambos estão vivos, ou seja, eles estão ligados um ao outro
nos laços do matrimônio até que a morte os separe. (MURRAY, 2003)
3.2.2. I
Coríntios 7
Paulo mais uma vez volta
a abordar sobre o tema casamento, demonstrando para os crentes em Corinto sobre
o que Deus espera que eles devam tratar o casamento e qual é a sua importância
para o Senhor. (WELCH, 2004.).
Estudando a passagem bíblica e o material deste livro,
lembre-se de que a instituição do casamento foi ordenada por Deus como parte do
Seu plano para o homem. ..., Ele tem regulamento
e regras para o comportamento do homem dentro do plano. (WELCH, 2004, p. 88)
Aqui o apóstolo passa a
tratar sobre alguns questionamentos que alguns irmãos tinham feito a ele
através de uma carta: “Quanto ao que me escrevestes” (1 Coríntios 7.1a). Respondendo a este questionamento, ele passa
a escrever sobre as relações entre as pessoas que são casadas com cristãos,
aquelas que são casadas com descrentes e o relacionamento das solteiras em
relação ao casamento.
Paulo então vai tratar
sobre os assuntos como o do celibato e indo até a lei do casamento. Depois, menciona qual é o relacionamento
entre as pessoas que estão casadas com descrentes, ainda menciona qual deve ser
o relacionamento entre o casamento e o serviço cristão e por fim fala da possibilidade
de uma pessoa casar-se novamente.
A instrução de Paulo é
bem clara sobre este contexto, em relação à pessoa permanecer no seu estado
civil após sua conversão. Isto ele está
se referindo aquelas pessoas que tiveram seus laços matrimonias antes de sua
conversão e seu cônjuge não teve. Pois a
“salvação não altera o estado civil; pelo contrário, deve intensificar a
relação matrimonial” (WIERSBE, 2008, p. 773, v. 5).
Nos versos de 2 a 5,
Paulo trata sobre o relacionamento entre o casal e nas palavras de Prior o
casamento é dom de Deus e está dentro de Seus planos. Como o homem pode então rejeitá-los e
refutá-los como se fossem coisas ruins e se entregando a práticas contrárias à
vontade de Deus? (PRIOR, 1993)
Principalmente porque
Deus fez o casamento monogâmico e indissolúvel, e é visto que Paulo faz menção
indireta sobre ele, é bem visível o assunto, pois o que ele fala no versículo
2, que “cada um tenha a sua própria esposa, e cada uma, o seu próprio marido”. Esta frase indica que possivelmente Paulo
estava em sua mente com os ensinos de Jesus sobre o casamento:
Então, respondeu ele: Não tendes lido que o Criador,
desde o princípio, os fez homem e mulher e que disse: Por esta causa deixará o
homem pai e mãe e se unirá a sua mulher, tornando-se os dois uma só carne? De
modo que já não são mais dois, porém uma só carne. Portanto, o que Deus ajuntou não o separe o
homem. (Mateus 19.4-6)
Também pode ser notado
isto no capítulo anterior quando ele menciona: “Ou não sabeis que o homem que
se une à prostituta forma um só corpo com ela? Porque, como se diz, serão os
dois uma só carne.” (1 Coríntios 6:16).
Ao repetir a mesma frase outra vez em outra epístola, quando escreve
para a igreja de Éfeso usando a mesma expressão: “Eis por que deixará o homem a
seu pai e a sua mãe e se unirá à sua mulher, e se tornarão os dois uma só
carne” (Efésios 5:31).
Ainda no capitulo 7 de 1
Coríntios sendo que um pouco mais a frente, ele aborda sobre a separação e
comenta o dizendo que “aos casados, ordeno, não eu, mas o Senhor, que a mulher
não se separe do marido (se, porém, ela vier a separar-se, que não se case ou
que se reconcilie com seu marido); e que o marido não se aparte de sua mulher”
(1 Coríntios 7:10-11). Mostrando que não
estava nos planos de Deus a separação no casamento, e que o divórcio apenas foi
permitido por causa da própria dureza do coração do homem (Marcos 10:5).
Prior mostra que não há
necessidade de questionar ou de se fazer qualquer alvoroço para saber se o que
Paulo estava escrevendo era uma coisa pessoal ou se era um ensinamento de Deus.
Certamente não [sic] há nenhuma necessidade, ou
justificativa para se traçar uma divisão entre os conselhos de Paulo e os
verdadeiros ensinamentos de Jesus, como costumam fazer alguns autores. A expressão no versículo 12: não o Senhor, não tem a intenção de
indicar que Paulo está dizendo alguma coisa diferente, muito menos contrária, daquilo
que o próprio Senhor teria dito (PRIOR, 1993, p. 129)
Existem aqueles que
divergem da possibilidade de algum crente contrair um novo casamento, os que
acreditam que podem contrair novas núpcias alegam que os crentes não estão mais
sujeitos a servidão (1 Coríntios 7.15), e caso o seu cônjuge insiste em se
divorciar eles não estão mais “presos” aos seus companheiros. Outros, não tendo uma posição formada colocam
algumas possibilidades como:
Quer essas palavras signifiquem que o crente não está
obrigado a buscar reconciliação, quer elas queiram dizer que o crente está
livre para casar-se novamente, dentro da comunidade cristã (comparar com a
fraseologia do versículo 39), o fato é que não sabemos opinar entre as duas
possibilidades. (GUNDRY, 2007, p. 312)
A questão é independente
das argumentações que as pessoas colocam, dizendo se é permitido ou não esta
possibilidade. A separação nunca esteve
nos planos de Deus e é inquestionável a indissolubilidade. Paulo não dá um mandamento direto, volta-se
para o princípio de Gênesis 2, que foi utilizado também por Jesus em Mateus 19:
“E disse o homem: Esta, afinal, é osso dos meus ossos e carne da minha carne;
chamar-se-á varoa, porquanto do varão foi tomada. Por isso, deixa o homem pai e mãe e se une à
sua mulher, tornando-se os dois uma só carne”.
(Gênesis 2.23-24).
E Jesus menciona a mesma
coisa: “De modo que já não são mais dois, porém uma só carne. Portanto, o que
Deus ajuntou não o separe o homem” (Mateus 19.6), então não deveria haver tantos
questionamentos quanto ao divórcio, já que as escrituras são tão claras nesta
questão?
Pr. Anderson Roque Gouveia
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