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24 agosto 2012

Autenticidade das Epístolas Pastorais

INTRODUÇÃO
Dentre as Epístolas Paulinas existem um conjunto de três epístolas chamado Epístolas Pastorais, Kümmel nos diz que:
“Essas três epístolas formam um bloco por se assemelharem de maneira toda especial, formando um grupo à parte entre as epístolas paulinas tradicionais, pois pressupõem os mesmos falsos doutores, a mesma organização, quase as mesmas condições semelhantes das igrejas, movem-se dentro do mesmo mundo conceptual teológico, e têm as mesmas peculiaridades de língua e estilo.”
Esse título coletivo, que indica a I e II Epístola de Timóteo e a Epístola a Tito, foi dado ás mesmas desde o século XVIII. Trata-se de apropriada designação para as mesmas, porquanto abordam problemas eclesiásticos, tendo por intuito ajudar os pastores em seu trabalho, especialmente no ministério do ensino e na vigilância em favor da igreja cristã, sobretudo no tocante aos assédios dos ensinamentos falsos. Essas epístolas tratam essencialmente de tema de natureza prática, como a ordem e a disciplina eclesiásticas, a seleção dos oficiais da igreja e o caráter e os deveres dos membros da comunidade cristã.
Essas três epístolas estão tão intimamente entrosadas, em sua estrutura, fraseologia e propósitos, que não podem ser encaradas, como unidades separadas.
Alguns críticos argumentam não serem da autoria do apóstolo Paulo como as outras epístolas que o mesmo escreveu, por isso abordaremos neste trabalho a autenticidade das epístolas pastorais como sendo verdadeiro escrito de Paulo
1. AS PERSONALIDADES
As cartas de I e II Timóteo e a de Tito formam um grupo distinto na coletânea paulina, declaram ser comunicações do grande Apóstolo enviadas a dois dos seus lugares-tenentes da maior confiança. Receberam o título de “Pastorais” porque estão endereçadas a pastores e, em grande medida, dizem respeito aos deveres deles.
Timóteo é um dos mais conhecidos entre as personagens secundárias do Novo Testamento. Filho de um pai pagão e de uma mãe judia convertida, juntou-se pela primeira vez à comitiva de Paulo em Listra, na Licaônia, no início da segunda viagem missionária deste (Atos 16:1,2). O apóstolo o considerava seu “cooperador”, e seu “filho amado e fiel no Senhor” (Rm 16:21; I Co 4:17). Timóteo era relativamente jovem ( I Tm 4:12; II Tm 2:22), e temos a impressão que é um homem tímido e sensível, cuja disposição de ânimo precisa de apoio.Ele representa Paulo presidindo sobre a congregação de Éfeso.
Tito parece ter sido um convertido de Paulo e ter desfrutado da mais plena confiança deste. Um pagão de nascença, escoltou Paulo em sua segunda viagem para Jerusalém. Ainda que não ficasse tão próximo do Apóstolo quanto Timóteo, deve ter tido um caráter mais forte. Tito é apresentado a trabalhar em Creta, conforme a afirmação em Tito 1:5, com a tarefa de estabelecer um ministério apropriadamente ordenado em todas as cidades da ilha, e também de pôr fim aos falsos ensinos que são generalizados.
Notemos que as personagens de Timóteo e Tito, nessas epístolas, são muito mais que simples pastores, dois entre muitos, que compartilhavam da liderança de igrejas locais, o que é o caso normal no restante do N.T. Pelo contrário, eram figuras de grande autoridade, capazes de nomear outros pastores, ou, pelo menos, de exercerem algum controle sobre a nomeação dos mesmos.
2. AUTENTICIDADE
A origem paulina das Pastorais não foi contestada desde o tempo de seu reconhecimento como escritos canônicos, por volta do final do século II, até o começo do século XIX. Nesse século, a autoria das pastorais começou a ser contestada por eruditos tais como: J.E.C Schmidt (1804), F. Schleiermacher e J.C.Gess (1807), J.C. Eichhorn (1812), tendo sua culminância com as três pastorais com o liberal F.C.Baur (1835), para quem, as pastorais estavam relacionadas ao gnosticismo do século II.
Entre os teólogos modernos que duvidam da autoria paulina para as pastorais, conforme nos cita Kümmel, temos: Dibelius, Conzelmann, Gealy, Fuller, Goodspeed, Jullicher-Fascher, Klijn, Marxen, Schelkle, Bauer, von Camplenhausen, Bultmann, Scheweizer, Kasch, Muller-Bardorff, Wegenast, Allan,Hanson,Stronbel, J.Blank e O.Kuss.
3. EVIDÊNCIAS EXTERNAS DA AUTORIA DE PAULO
1.      Omitidas do Cânon de Marcion (talvez porque eram privativas...e não por razões doutrinárias).
2.      No Cânon Muratoriano são apresentadas como epístolas de Paulo.
3.      Irineu, Clemente de Alexandria e Tertuliano as atribuem a Paulo.
4.      Peake, um autor liberal admite que a rejeição da autoria paulina não se pode fundamentar sobre a evidência externa.
5.      D.Guthrie (conservador) mostra que a evidência externa para as epístolas pastorais é tão forte como para a maioria das epístolas de Paulo.
4. EVIDÊNCIAS INTERNAS DA AUTORIA DE PAULO
1.      O autor reivindica autoria paulina (cf. I Tm 1:1)
2.      Há muitas referências pessoais consistentes ( I Tm 1:13,15;2:7; II Tm 1:5,18; 3:10; 4:11,12,19).
3.      Existe harmonia doutrinária em três das pastorais e as outras epístolas de Paulo (cf. I Tm 3:15,16).
4.      A maneira mais ampla de tratar do assunto da administração da igreja harmoniza-se com referências anteriores. 
5. O PROBLEMA DA AUTORIA
Ao se tratar do problema teológico e histórico das Epístolas Pastorais estaremos consequentemente tratando do problema da autoria, pois dois tópicos estão “inextrincavelmente entrelaçados com a questão da autoria ou não das epístolas de Paulo.”.
O problema quanto à autoria é estabelecido, ou seja, se as Pastorais foram escritas por Paulo ou outro autor em um período posterior a Paulo. “A ortodoxia crítica contemporânea insiste em que as epístolas pastorais foram todas elas escritas por outra pessoa que não Paulo e numa data consideravelmente posterior à do apóstolo”.
6. OS ARGUMENTOS CONTRÁRIOS À AUTORIA PAULINA DAS EPÍSTOLAS PASTORAIS.
Todos os eruditos concordam ao menos acerca do ponto que essas três epístolas formam um grupo distintivo, visto terem o mesmo estilo, o mesmo vocabulário geral, os mesmos temas e os mesmos propósitos – procederam da mesma pena, portanto. Assim sendo, o problema da autoria se aplica a todas essas três epístolas ao mesmo tempo, sendo a questão assim examinada abaixo.
1.                           No tocante ao vocabulário, as três epístolas são muito semelhantes entre si, mas inteiramente diferentes das outras dez epístolas, as quais são tradicionalmente atribuídas a Paulo, a saber, Romanos, I e II Coríntios, Gálatas, Efésios, Filipenses, Colossenses, I e II Tessalonicenses e Filemon.
2.                           O estilo das Pastorais denuncia sua origem forjada. Em um assunto os críticos estão de acordo, a saber, na afirmação de que o estilo das Pastorais aponta para a direção oposta a Paulo. Mais assim que se formula a pergunta: “por quê?”, as respostas se dividem e se tornam contraditórias, afirmando alguns que o estilo propriamente dito de forma alguma é paulino; outros, que em muitos pontos ele faz lembrar Paulo, que teria de ser um falsificador, um imitador consciente. Teria de ter uma cópia das epístolas genuínas de Paulo diante dos olhos. Dessas cópias, teria copiado uma e outra frase, agindo como se fosse Paulo!
3.                           A teologia não é de Paulo. A cruz já não é mais o centro.Há uma ênfase indevida nas boas obras.
4.                           As Pastorais atacam o gnoticismo do 2º. Século, especialmente o marcianismo. Ora, Marcião foi expulso da igreja de Roma no ano 144 d.C. Portanto, as Pastorais certamente foram escritas por volta dessa data, ou seja, não antes do segundo quarto do 2º. Século. Isto demonstra que Paulo não poderia ter sido seu autor.
5.                           As Pastorais revelam um marcante progresso na organização eclesiástica, muito mais que no tempo de Paulo. Em seu tempo, ainda não existia um ministério oficial. Em contrapartida, no tempo em que as Pastorais foram escritas havia uma organização bem mais complexa, com oficiais assalariados, cujas qualificações haviam se tornado padronizadas.
6.                           Posto que Paulo não foi libertado de sua primeira e única prisão em Roma, mas que foi morto, e posto que o livro de Atos, que narra a história de sua vida desde que perseguia a Igreja até o final de sua prisão, não deixa lugar para as viagens que estão implícitas nas Pastorais, não é possível que Paulo tenha escrito essas epístolas.
CONCLUSÃO
Uma típica refutação aos argumentos contrários à autoria paulina das Epístolas Pastorais: com base nas dificuldades, com a confirmação da autoria paulina. Trata-se do que disse A.T.Robertson, a fim de que o leitor possa ter exemplo dos tipos de argumentos que são expostos pelos intérpretes a fim de apoiar a autoria paulina dessas epístolas:
“É mister discutir questões introdutórias atinentes a essas três epístolas porque elas são comuns a todas elas. É verdade que alguns eruditos modernos admitem como paulinas as passagens pessoais, em II Tm. 1:15-18 e 4:9-22,ao mesmo tempo que negam a genuinidade do resto. Mas essa crítica cai por seu próprio peso, porquanto precisamente as mesmas características de estilo aparecem tanto nessas passagens admitidas como no resto; e nenhuma razão terrena pode ser apresentada que explique por que Paulo teria escrito meros trechos esparsos, ou que explique a omissão de outras porções e a preservação dessas porções por forjador do século da era cristã”.
Concluo dizendo que mesmo tendo argumentos contrários à autoria as Epístolas Pastorais, elas permanecessem sendo, na substância, no espírito e na ocasião, a obra do Apóstolo Paulo; e o cristão está justificado em supor que entesouram sua mensagem autêntica.
Referências Bibliográficas
HENDRIKSEN, William. 1 Timóteo, 2 Timóteo e Tito. São Paulo: Cultura Cristã. 2001.
Kelly, John N.D.. I e II Timóteo e Tito: Introdução e Comentário. São Paulo: 1983. Vida Nova.
Portal Professor Marcos Alexandre. http://www.icegob.com.br/marcos/Fp_a_2tm.pdf Acessado em 29/03/2007.
Ph.D.,R.N.Champlin. O novo testamento interpretado: Versículo por versículo. São Paulo: Candeia. 1995.

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